Fundador e ex-integrante do grupo Espanca!, o ator Paulo Azevedo conta ter chegado a São Paulo "sem qualquer perspectiva, mas com muita coragem". A ideia, naquele momento, era permanecer por apenas um ano, numa espécie de residência artística e cultural.

Aos poucos, contudo, a cidade mais acelerada do país acabou abrindo espaço para o ator, que acumula trabalhos com nomes do cacife de Cibele Forjaz, além do próprio Hector Babenco. "Tive a sorte de ser visto pela Cibele em uma apresentação do ‘Histórias de Chocar’, um dos meus primeiros projetos após o Espanca!. A partir dali, as coisas começaram a acontecer", relembra.

O contato com Babenco e o espetáculo "Hell", por outro lado, se deu através de uma produtora de elenco que procurava um ator para substituir Ricardo Tozzi - o Andrea da primeira versão. "Quando fiz a leitura junto com o Hector e a Bárbara, houve uma empatia imediata. Reensaiamos a peça durante cerca de um mês e logo estreamos no Rio, em um esquema bastante diferente do que eu estava acostumado", conta.

Habituado a participar de mostras e festivais com o Espanca!, Azevedo precisou se acostumar a uma rotina de cinco apresentações por semana, em um teatro de shopping na zona sul carioca. "Daquela temporada, ficou um grande aprendizado a partir da possibilidade de experimentar um mesmo espetáculo diariamente, com plateias sempre muito diferentes", pontua, em referência a um cenário bastante diferente da realidade teatral belo-horizontina.

"Uma coisa que lamento a cada vez que venho a Belo Horizonte é a existência de trabalhos muito potentes, mas sem espaço de exibição na cidade. Também não consigo entender a demora na reforma do Teatro Francisco Nunes, um espaço tão importante para a cena local", exemplifica o ator, ainda curioso sobre os impactos do Circuito Cultural Praça da Liberdade em relação à produção teatral mineira.

No que toca à cena paulista, Azevedo destaca um grande interesse do público em relação à produção artística. "Para quem vem de fora, é muito impressionante essa possibilidade de realizar uma temporada de quarta a domingo. Para o bem e para o mal, fica a impressão de que acompanhar filmes, espetáculos e exposições é quase uma obrigação por aqui, sempre impulsionada por uma máquina que não para de girar", reflete.