Música

Mineirão vive mistura rítmica com Festival S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L! neste sábado

Oitava edição do evento traz a BH dezenas de artistas de diversos estilos, entre eles Mc Tha, Nação Zumbi, BaianaSystem, Elba Ramalho e Duda Beat

Por Bruno Mateus
Publicado em 08 de fevereiro de 2020 | 03:32
 
 
normal

Sentado no sofá da sala dos avós na Ilha de Itamaracá, na região metropolitana de Recife, Dengue, apelido pelo qual Alexandre Salgues M. Costa gosta de ser chamado, viu a primeira edição do Rock in Rio pela TV. O calendário marcava 1985, período de redemocratização no Brasil. Para o baixista da Nação Zumbi, aquele ano também é importante para a música nacional, pois simboliza o início de uma retomada dos festivais no país. “Esse tipo de coisa tinha ido embora nos anos 70. A ditadura achava que quem ia aos festivais era só maconheiro, cabeludo e comunista”, relembra. “Na virada dos 80 para os 90, os festivais começaram a ocupar espaço novamente”, acrescenta. 

De lá para cá, a Nação Zumbi, na estrada há quase 30 anos, participou de diversos shows nesse formato nos mais variados cantos do país. A banda pernambucana, integrante do revolucionário movimento manguebeat, é uma das principais atrações do Festival S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L!, que acontece neste sábado em Belo Horizonte e chega à sua oitava edição reunindo dezenas de atrações, prezando a diversidade musical. 

Com experiência em festivais, Dengue conhece o bê-á-bá de uma apresentação nesse tipo de evento. “É um show diferente”, ele diz. Para o músico, como o público é dividido com outras atrações, a conquista tem de ser certeira. “Festival é nocaute, não pode ser vitória por pontos. E o show é menor, não tem tempo de ficar viajando”, ressalta.

Tom político

Outro destaque na Esplanada do Mineirão, o BaianaSystem também joga tranquilo quando a proposta é dividir a programação com outras bandas. Inclusive, como lembra o guitarrista Beto Barreto, BH fez parte do roteiro do grupo em 2012, três anos após a estreia com o álbum “Baianasystem”, em um festival no Parque Municipal. “Nós nos sentimos muito bem porque havia uma aproximação com o que fazíamos nas praças de Salvador”, conta Beto.

Um dos protagonistas da nova geração da música nacional, o BaianaSystem se notabilizou por fazer shows intensos, catárticos, em que a mistura da guitarra baiana com outros ritmos nunca deixa o público indiferente ao que acontece no palco. O discurso político-social também está ali presente – e de forma muito natural, como Beto observa: “Essas questões ficaram muito fortes nos últimos anos e têm banhado a arte. Quando estamos com o público, sentimos necessidade de gritar, não é nada pensado”. 

“Calamidade toma conta da cidade/ Tem buzu pegando fogo/ O jogo da atrocidade/ Coco louco, bicho solto”. Os versos de “Dia da Caça” serão entoados hoje no Mineirão. “É um momento bem forte do show. Essa música tem uma coisa forte de resistência”, aponta o músico. 

Terreiro

Aos sábados, quando não há shows, a cantora e compositora Mc Tha está no terreiro de umbanda. Hoje, frente a frente com os belo-horizontinos, ela usará o palco como seu templo – ou seu próprio terreiro. Além da experiência sonora e estética, essa paulistana de 26 anos que mescla funk, MPB e ritmos africanos pretende criar uma relação com o público que transcende a música. “Meu trabalho conversa muito com a espiritualidade, é algo muito intuitivo. No palco, não deixo de fazer um auxílio espiritual. Sempre peço muita sabedoria”, afirma Mc Tha.

Ela diz que vivemos tempos de muita incerteza quanto ao futuro, mas quer que sua música transmita esperança e fé “para as pessoas se fortalecerem, acreditarem em si mesmas, na verdade delas”. E ter a oportunidade de fazer isso em BH é especial para ela. A capital mineira já recebeu vários shows da compositora. Mc Tha conta que seus amigos até brincam que ela receberá o título de cidadã honorária da cidade: “Adoro BH, estou formando uma rede bonita aí”.

Artistas de BH e parcerias também dão o tom do festival

A programação do festival aposta nas colaborações entre artistas no palco: Elba Ramalho convida Chico César, Pablo Vittar faz uma participação no show de Emicida, Duda Beat recebe Gaby Amarantos, enquanto Liniker e os Caramelows fazem uma tabelinha com Jhonny Hooker. Hot e Oreia, Graveola, Rosa Neon, Pequena Morte, Nath Rodrigues, Júlia Branco e blocos carnavalescos, como Magnólia e Sagrada Profana, representam a música de Minas Gerais.

Agenda

O quê. Festival S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L!
Quando. Neste sábado, a partir das 12h.
Onde. Esplanada do Mineirão (av. Antônio Abrahão Caram, 1.001, São José).
Quanto. R$ 50.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!