Luto

Morre German Lorca, último representante do Cine Foto Clube Bandeirante, aos 98

Lorca fez história com imagens ultrageométricas, em preto e branco, da São Paulo que se industrializava ao longo dos anos 50 e 60

Por Folhapress
Publicado em 08 de maio de 2021 | 15:08
 
 
 
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Último sobrevivente do celebrado Foto Cine Clube Bandeirante, grupo de fotógrafos que modernizou a linguagem visual no país, German Lorca morreu neste sábado (8), aos 98 anos, de causas naturais, em São Paulo. A informação foi confirmada por um de seus filhos, Frederico Lorca.

Lorca fez história com imagens ultrageométricas, em preto e branco, da São Paulo que se industrializava ao longo dos anos 1950 e 1960, assumindo o papel de cronista de uma metrópole em transe.

Pioneiro tanto na fotografia publicitária quanto autoral, foi um dos mais importantes nomes da área no Brasil e no exterior, e tem obras no acervo do MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York, desde 2016.

"Ele chegou num ponto em que nenhum outro fotógrafo do Brasil chegou", diz Pablo di Giulio, à frente da Utópica, galeria que o representava. "É um moderno instintivo. Nunca vi um fotógrafo com o olhar claro, límpido dele."

O primeiro trabalho bem-sucedido a sair do de Lorca no Brás, segundo o fotógrafo, foi feito em 1949, com a técnica da fotografia solarizada, que aprendeu com o amigo Geraldo de Barros.

A imagem foi batizada "Le Diable au Corps" -título original do filme "Adúltera", que inspira o retrato de um homem de torso nu junto a uma vidraça.

Para transmitir movimento, o fotógrafo desenvolveu a técnica de sobrepor dois negativos e ampliá-los numa só fotografia -como em "São Paulo Crescendo" e "Menino Correndo", feitas na década de 1960.
Lorca deixa três filhos, seis netos e três bisnetos.

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