Objetos estranhos no céu, atividades paranormais, universos paralelos. Temas tão comuns nos enredos de filmes sci-fi vão agora poder ser conferidos na programação da "Antropokaos: Mostra de Ficção Científica Brasileira", que ganha exibição gratuita entre os dias 6 e 28 de março, na página oficial do projeto na internet.

Baseado nas produções brasileiras do gênero, o recorte conta com 21 filmes divididos entre curtas e longas-metragens, produzidos em diferentes épocas e estilos. "Através de pesquisas selecionamos filmes que nos interessavam e fomos ‘peneirando’ aqueles que apresentavam maior diálogo entre si", conta Luis Oliveira, curador da mostra.

Ele explica que a seleção das obras foi construída principalmente em busca de uma coesão temática. "Muitas das produções presentes na mostra parecem pensar alegoricamente a situação do Brasil. Então nossas sessões foram construídas através de aproximações desses temas, mesmo que em diferentes épocas", relata Oliveira.

"Por ser um gênero profundamente político, a ficção científica acaba explorando assuntos da esferas especificamente sociais, como questões raciais, relações com a territorialidade, além de fazer filmes auto-reflexivos que repensam o próprio gênero", acrescenta.

Um dos destaques da programação é o clássico “O Homem do Sputnik” (1959), de Carlos Manga, que marcou época no cinema nacional. Estrelado pelo comediante Oscarito, a comédia segue as mudanças sofridas por um casal de criadores de galinhas que pensa ter encontrado o satélite russo Sputnik 1 no telhado de sua casa.

O filme faz uma crítica sobre a percepção que o resto do mundo tem do Brasil, muitas vezes visto sob o prisma de clichês e estereótipos. “A ficção científica brasileira cria imagens muito potentes do país, nos dando uma ideia de como a gente se vê em relação ao resto do mundo", pontua Lea Monteiro, uma das idealizadoras do recorte.

"Temos filmes mais sérios que colocam o Brasil como uma potência e também comédias mais antigas que mostram a nação como subdesenvolvida, fazendo uma crítica à sociedade brasileira”, completa Monteiro.

O evento reúne ainda um amplo apanhado da produção sci-fi contemporânea representada pelo longa “O Homem Que Comprou O Mundo” (2011), de Eduardo Coutinho, e principalmente por curtas-metragens como "República" (2020), de Grace Passô, "Ditadura Rouxa" (2020), de Matheus Moura e "O Prazer de Matar Insetos", do diretor carioca Leonardo Martinelli.

Além das exibições, a mostra promove sessões de debates, bate-papos e a publicação de um web-livro.  

A programação completa pode ser conferida no site antropokaos.com.br.