Os profetas de Aleijadinho estão em Congonhas; obras icônicas de Tunga, Cildo Meireles e Adriana Varejão fazem parte do acervo de Inhotim, em Brumadinho, enquanto que um pedaço importante da história de Belo Horizonte se encontra no Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade. Mesmo nesses tempos de isolamento social é possível conferir essas e outras atrações de importantes instituições museológicas mineiras. Através da tecnologia, o visitante pode ter acesso a uma infinidade de conteúdos.
É o caso do Instituto Inhotim que está fisicamente fechado desde meados de março, mas nem por isso deixa de estar conectado com seu público. Na semana passada, o Centro de Arte Contemporânea inaugurou mais uma exposição no Google Arts and Culture, que já tem três mostras online. A nova “Visão Geral” conta com a participação de artistas brasileiros contemporâneos como Laura Vinci, Iran do Espírito Santo e Marcius Galan. Lançada “ao vivo” em novembro de 2019, a versão digital traz uma visita mediada por Douglas de Freitas (curador-associado do Inhotim), vídeos com artistas e depoimentos de Allan Schwartzman (curador e diretor artístico do Inhotim).
“Nosso objetivo com os projetos online não é substituir ou tentar transmitir a experiência de, efetivamente, estar no Inhotim, mas sim criar novas experiências. Todo o trabalho que ganha as redes nesse momento já estava em preparação. As exposições online, séries e demais projetos apresentam ao público outras camadas da experiência presencial. Por meio deles o público tem mais informações sobre a construção das exposições, sobre o processo de criação dos artistas, os bastidores do funcionamento do Inhotim. São informações que se somam e amplificam a experiência presencial”, ressalta o curador-assistente do Instituto, Douglas de Freitas, que reforça como a pandemia tem mudado a percepção das pessoas sobre as artes, mostrando o quão benéficas as instituições culturais podem ser na vida da sociedade.
Douglas lembra ainda que o maior desafio desses projetos virtuais é articular as ideias e preceitos conceituais à tecnologia e encontrar o melhor meio ou condição para que as propostas cheguem ao público com conteúdo e forma consistente e coerente com os meios digitais. “É justamente para criar essa nova experiência de Inhotim, ressignificando a experiência presencial de quem já esteve no Instituto, e instigando quem ainda não foi a nos visitar quando reabrirmos ao público”, defende.
Além das exposições virtuais, o Inhotim produziu três séries que estão em seu canal do Youtube e nas redes sociais. A Bastidores traz ao público os processos artísticos, de montagem e restauro de obras de arte; a Diálogos apresenta conversas envolvendo artistas, botânicos, curadores e teóricos sobre cultura e a Retrato revela o processo de montagem de obras de arte e galerias site specific do Inhotim.
As séries estão disponíveis no canal do Inhotim no YouTube e nas redes sociais do Intituto.
Outro espaço cultural que aderiu à visita virtual é o Memorial Minas Gerais Vale que tem produzindo conteúdos exclusivos toda a semana. Sejam shows como o de Maurício Tizumba que acontece amanhã (7) às 20h30; aulas de dança e culinária, prática de medição, oficinas variadas para adultos e crianças assim como postagem de fotos que contam a história da edificação, desde a época em que o prédio funcionava como Secretaria da Fazenda de Minas. Todas as ações do Memorial ao longo do período de fechamento podem ser acompanhados nos canais do espaço na web (redes sociais, site e canal no YouTube).
Gerente da instituição, Wagner Tameirão revela que o maior desafio nessa transição temporária de programação presencial para virtual é ampliar o público. E isso parece que tem acontecido. “A gente tem apostado em novos formatos e temáticas e também tentado adequar as atividades a partir das ações que já foram efetuadas. O nosso canal no YouTube dobrou o número de acessos nesse período. Já produzimos quase 40 atrações desde o dia 17 de março”, frisa. Wagner enfatiza que essas ações virtuais não geram nenhum retorno financeiro ao Memorial. "O Memorial Minas Gerais Vale é uma empresa sem fins lucrativos, mas essa programação digital é uma maneira de manter o museu ativo”, opina.
É assim também que pensa Sérgio Rodrigo Reis, diretor do Museu de Congonhas, que fica localizado na cidade dos profetas, a 80 km de BH. Os projetos virtuais que a instituição vem desenvolvendo desde o começo da pandemia não asseguram a sua manutenção - em 2020, o Museu conseguiu viabilizar o patrocínio master da Vale - mas é uma forma de manter o espaço atuante. “São iniciativas relevantes até para quando voltarmos após tudo isso, a gente continue com esse fluxo de interesse do público. Na realidade, são ações que ajudam a divulgar o Museu até para quem não tem acesso a essa produção”, defende.
Sérgio salienta que a programação virtual é uma novidade e não algo requentado do que já existia. Dentre os destaques estão vídeos sobre o patrimônio imaterial da cidade, como os que retratam a Semana Santa e a série sobre o Jubileu de Bom Jesus de Matosinhos, uma festa religiosa tradicional na cidade, além de visitas mediadas online, oficinas e lives com especialistas. “E em breve (dia 15/5) vamos colocar no ar uma gincana em que todos vão poder participar. A ideia é trabalhar com as curiosidades e os conteúdos que a gente lida no Museu de Congonhas e no Santuário de Bom Jesus de Matozinhos já que esse Museu foi construído para potencializar a compreensão do Santuário”, avisa. Todo o material está disponível no site do museu, no seu canal no YouTube e em suas redes sociais.
CCBB em casa
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH) também aderiu a onda virtual e está com conteúdos disponíveis no Instagram, tour no Google Arts e atividades do Educativo. Um dos destaques é a visita online pela exposição “Egito antigo - Do Cotidiano à Eternidade”. A mostra, inclusive, está programada para vir para a capital mineira no segundo semestre. O endereço é: www.musea.art.br
Já o Portal Minas Gerais, coordenado pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), também disponibilizou várias visitas virtuais para quem estiver disposto a conhecer e rever vários pontos turísticos e destinos mineiros. E para os que querem um passeio em 360 graus basta acessar (minasgerais.com.br/pt/minas360). A ferramenta une imagens aéreas captadas por drones e fotos panorâmicas feitas em solo. A navegação é simples, bastando clicar nas setas para seguir na direção desejada ou nos ícones de helicópteros para ter a visão de como a cidade é distribuída e onde se localizam os principais atrativos.