Cinetismo

Para descobrir mais sobre a arte de Abraham Palatnik, morto no sábado

O artista brasileiro estava internado com a Covid-19 em um hospital do Rio de Janeiro, mas acabou não resistindo

Por Patrícia Cassese
Publicado em 12 de maio de 2020 | 17:51
 
 
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Falecido no último sábado, aos 92 anos, em decorrência da Covid-19, o artista potiguar Abraham Palatnik firmou seu nome no território das artes plásticas principamente na corrente que se tornou conhecida como arte cinética, ou cinetismo. Resumidamente,  que abarca trabalhos que geram, no espectador, a sensação de movimento, em contraponto ao objeto estático. Essa sensação é obtida por meio de recursos como jogo de luzes variáveis ou mecanismos dos mais diversos, por vezes acompanhados por trilha sonora (mas não necessariamente). Nos compêndios da história da arte, o embrião do cinetismo é detectado nos anos 20, ganhando tônus nas décadas seguintes.  Mas como uma verdadeira e própria arte, o instituto italiano Giovanni Treccani, por exemplo, o localiza após os anos 1950. Em 1955, Paris sedia a exposição "Mouvement", uma baliza importante. No entanto, foi em 1961, em Amsterdã, que o Stedelijk Museum inaugurou a sua primeira mostra de arte cinética. Logo, despontaram coletivos afinados com essa corrente, como o  Dviženie, o T, o Gruppo N ou o GRAV. 
 
Nascido em Natal, Palatnik estudou na região onde hoje se localiza o Estado de Israel, antes de se mudar para o Rio de Janeiro, em 1948. Ao longo de sua carreira, criou aparelhos cinecromáticos mecanizados. "Um artista extremamente importante, porque conseguiu, de forma brilhante, fazer a junção da arte, ciência e tecnologia", observa Tânia Rodrigues, gerente do Núcleo Enciclopédia do Itaú Cultural. Ela ressalta o quão diferente é olhar fotos das obras do artista e vê-las ao vivo, percebendo o mecanismo por trás de cada uma delas. "Algo que vai cativando o espectador. As pessoas ficam muito encantadas, é bonito inclusive de se ver (a reação do público). Mexe uma coisa aqui, outra ali... Há toda uma engenhosidade, e, ao mesmo tempo, você não consegue vê-las como máquinas, mas como obras de arte. Ele tinha um pensamento que a gente considera do campo das exatas, ao mesmo tempo que (possuia) a coisa da experimentação, que, certo, todo artista tem, mas no caso dele era muito marcante".
 
Tânia Rodrigues lembra que Palatnik chegou a criar um jogo, "Mobilidade IV". 
 
Para aqueles que estão em casa, na quarentena, e desejam conhecer mais sobre o artista, a obra de Palatnik pode ser acessada virtualmente, em sites como o do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br), no verbete do artista na Enciclopédia Itaú Cultural, em conteúdos de vídeos no canal do YouTube e no hotsite da série "Ocupação" – dedicada a nomes referenciais nas artes brasileiras e que em 2009 teve o artista como homenageado. No Itaú Cultural, além da exposição na série "Ocupação", Palatnik integrou a mostra coletiva "Cotidiano/Arte. A Técnica" (1999) e teve a individual "Pioneiro Palatnik: máquinas de pintar e máquinas de desacelerar" (2002).
 
"Entre os vídeos, há dois ou três com ele falando da própria obra, algo que as pessoas geralmente gostam muito. E um deles mostra o ateliê do artista, que é quase uma oficina de mecânica. Isso também cativa muito, o próprio artista mostrando seu trabalho e o espaço  onde atua", finaliza Tânia.
Confira.
Enciclopédia Itaú Cultural:
 
 
Série Ocupação:
 
 
 

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