Camisetas de rock fazem sucesso. Talvez você já saiba disso, ainda que não acompanhe as notícias da moda ou da música. Com estilo próprio, elas vêm sendo usadas como verdadeiros monólitos urbanos por diferentes gerações para demonstrar sua personalidade, gosto musical e até mesmo ideologia.
Buscando ampliar ainda mais o mercado das t-shirts, o músico PJ, da banda mineira Jota Quest, decidiu investir no licenciamento de merchandising musical no Brasil. O baixista anunciou, no começo do mês, o lançamento da primeira coleção de streetwear de sua loja virtual, Paranoid Music Store.
Segundo o artista, de 51 anos, a intenção principal do projeto é comercializar produtos licenciados de grupos e cantores nacionais e, assim, criar peças de roupas originais. “A ideia surgiu no ano passado, quando o Jota Quest estava tentando retomar as rédeas do nosso merchandising, principalmente nossas camisetas. Estávamos em contato com três empresas para produzir nosso material, mas acabamos descontentes com os resultados”, conta PJ.
Frustrado com os fabricantes locais, o baixista se aliou ao amigo Robertson Rocha, que já atuava no ramo, e os dois decidiram fundar a empresa para explorar um setor ainda pouco testado no país. “Já eram duas décadas que o Jota Quest tentava fazer uma camiseta legal e não conseguia. Foi quando eu disse: ‘Vou aprender como se fazem essas camisetas eu mesmo’. Como eu já colecionava camisas de bandas gringas, sabia bem o padrão que queria seguir por aqui também”, relembra.
Diferentemente do que acontece no Brasil, a prática de licenciamento de nomes de artistas – que permite que terceiros reproduzam imagens ou conteúdo com direito autoral registrado – é muito comum no exterior e pode ser um negócio muito rentável e que nunca sai de moda.
“Nos EUA, por exemplo, a banda não produz o merchandising, ela legaliza a licença para alguém. Então, alguém como o U2 tem vários licenciados usando a marca deles”, avalia PJ.
Para o músico, o projeto tem tudo para servir de inspiração para novos empreendedores.
“Não é algo fácil, haja vista os problemas que o próprio Jota Quest já teve na área. Mas pode ser o início de um segmento. Quem sabe a gente não incentiva outras pessoas a fazerem o mesmo?”, divaga PJ.
No momento, a Paranoid já fechou licenciamento com mais de 30 artistas de peso da música nacional, como Carlinhos Brown, Nando Reis, Samuel Rosa, Pepeu Gomes e a banda Os Paralamas do Sucesso, entre outros. Mas há a intenção também de conseguir atrair novos artistas.
“A gente sempre está coletando novos artistas, sempre está captando novos parceiros. Não estamos atrás de exclusividade, o que a gente quer mesmo é fazer camisetas de excelente qualidade, de material premium e que representem muito bem os artistas que trabalham conosco”, explica.
Mesmo assim, PJ diz que o processo de produção e qualidade é o que faz a diferença no fim das contas. “Produzimos nossas camisetas, não compramos nada pronto de uma fábrica que só põe uma estampa, e ponto. Nosso produto é desenhado em Nova York por um amigo, e as estampas são exclusivas. Então, tem todo esse cuidado, todo um carinho, uma ética. E a gente paga royalty, o que no Brasil é algo ainda difícil de se ver, porque muito produto vendido por aí é geralmente pirata”, defende o artista.
Porém, para PJ, o mercado de merchandising musical licenciado tem tudo para se tornar um hit em solo nacional. “Queremos estabelecer uma cultura de camiseta de banda, ela existe. Não é só você pegar uma camiseta e colocar uma estampa. Tem muita coisa por trás disso tudo, tem um background grande por trás disso tudo. Tem uma tradição muito grande, e a Paranoid veio colocar isso no Brasil pela primeira vez”, conclui.