Cataguases. Enquanto no plano federal a Agência Nacional de Cinema (Ancine) é alvo de críticas do presidente Bolsonaro, que colocaram em xeque até mesmo a continuidade da agência, no plano regional o caos não é tão iminente assim. Realizadores e produtores do audiovisual mineiro estão preenchendo formulários, já que um edital de R$ 8,75 milhões acaba de ser lançado pelo Polo Audiovisual da Zona da Mata, destinado a contemplar 11 produções em longa-metragem em seis categorias distintas.

O edital é voltado a produtores de Minas Gerais, mas aceita a coparticipação de empresas de outros Estados. Como os editais, que até ano passado eram publicados pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) minguaram, o interesse dos cineastas agora volta-se a esses arranjos regionais.

Tanto que o auditório da Energisa, patrocinadora da iniciativa, instalada em Cataguases, estava lotado na tarde da última sexta-feira (2), quando a relações sociais Mônica Botelho e o diretor presidente da Agência Polo Audiovisual da Zona da Mata, César Piva, anunciaram as novidades. Segundo dados da Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais, a Energisa é uma das dez maiores incentivadoras da cultura por meio de isenção fiscal no Estado.

As inscrições do edital estão abertas até o dia 1º de setembro no site www.poloaudiovisual.org.br. Os filmes a serem inscritos devem ser produzidos na região, composta por 64 municípios. Os recursos são da Ancine, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).

Defender a manutenção da Ancine acabou sendo uma das tônicas nos bastidores do encontro, especialmente devido à presença de Debora Ivanov, diretora da Ancine com mandato até outubro. A ela e aos presentes foram apresentados dados sobre os investimentos que vêm sendo feitos no audiovisual da Zona da Mata. Segundo o longo balanço, 27 grandes produções de cinema utilizaram Cataguases e vizinhança como cenário e locações entre os anos de 2009 e 2018. Nas escolas públicas da cidade já somam-se 24 cineclubes.

“O Polo do Audiovisual da Zona da Mata é um exemplo de desenvolvimento do setor. A área audiovisual cresce 8% ao ano, representa na economia mais do que a indústria têxtil e a farmacêutica, gera 300 mil empregos”, contextualizou a diretora. Apesar da angústia de alguns cineastas ter diminuído por acharem difícil que o fim da Ancine esteja próximo, Debora teve uma fala de alerta. “(Zona da Mata) é um case tão forte que deveria chegar ao conhecimento dos parlamentares e do presidente (Bolsonaro). Hoje temos uma ameaça a todos os incentivos fiscais”, atentou.

A ação se configura como uma segunda etapa do edital Coinvestimentos Regionais, da Ancine, em parceria com o governo de Minas e a prefeitura de Cataguases. Entre os segmentos contemplados estão desenvolvimento de série de animação, produção e comercialização de longa-metragem, produção de série e de jogos eletrônicos.

O repórter viajou a convite da Agência Polo Audiovisual da Zona da Mata