O apresentador da Rede Globo Rodrigo Rodrigues está internado desde a noite de sábado, 25, em coma induzido, após testar positivo para o novo coronavírus e passar por uma cirurgia para diminuição da pressão intracraniana por causa de uma trombose venosa cerebral.

O trombo é um coágulo, que pode ser parcial ou total, e se forma nos vasos sanguíneos, veias ou artérias, limitando o fluxo normal do sangue. Quando isso ocorre, é diagnosticada a trombose, que pode se manifestar de diferentes formas.

Caso ela ocorra em uma veia profunda é definida como Trombose Venosa Profunda (TVP); já se o coágulo se formar em uma artéria, é chamada de trombose arterial (TA), e pode causar enfarte ou acidente vascular cerebral (AVC).

Uma em cada quatro pessoas no mundo morre em decorrência de condições causadas pela trombose, de acordo com a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia. Gestantes e mulheres no puerpério, assim como pacientes com câncer, estão entre os mais suscetíveis a desenvolver esses trombos ou coágulos.

"Mulheres em idade fértil e que fazem uso de anticoncepcional, também estão mais vulneráveis à trombose", explica Indianara Brandão, médica hematologista. A especialista acrescenta que três em cada 10 pacientes que tiveram o problema podem voltar a desenvolver um novo episódio de trombose.

Quais são as principais causas da trombose venosa cerebral?

Em algumas situações, a população feminina está mais vulnerável, como o uso regular de anticoncepcional ou tratamento hormonal e gravidez. Porém, todas as outras circunstâncias põem em risco todos os gêneros. Confira os fatores de risco para a trombose venosa cerebral.

- tabagismo;

- ficar sentado ou deitado por longos períodos;

- hereditariedade;

- presença de varizes;

- idade avançada;

- pacientes com insuficiência cardíaca;

- tumores malignos;

- obesidade;

- distúrbios de hipercoagulabilidade hereditário ou adquirido;

- história prévia de trombose venosa.

Relação entre trombose venosa cerebral e coronavírus

O tromboembolismo pulmonar é a mais grave complicação da trombose, pois há o deslocamento do trombo da veia para o pulmão.

"A gravidade vai depender do tamanho e da quantidade de coágulos no pulmão", enfatiza a hematologista Indianara Brandão. Ela ressalta que, recentemente, alguns estudos também relacionaram a doença à quadros mais graves da Covid-19.

Uma das maiores preocupações dessa relação diz respeito a identificação de uma forte ligação entre parâmetros anormais de coagulação - produtos de degradação do dímero D e fibrina - e a mortalidade.

"Nesses casos o tratamento indicado e mais eficaz é feito com administração de anti-coagulante", salienta a médica.

Especialistas de vários países relatam problemas semelhantes. Uma análise realizada por cientistas chineses, com 183 pacientes diagnosticados com a Covid-19, revelou que 71% dos que morreram apresentavam coágulos. Na Holanda, outro estudo com 184 pacientes internados em UTIs revelou que um terço deles tinha coágulos.

Os casos devem ser investigados, pois a evolução desses coágulos podem ocasionar enfartes, AVCs e até amputações.

"Em alguns casos, vemos a formação de grandes coágulos nas artérias, seja no coração, o que causa ataque cardíaco, nas artérias do cérebro, o que causa AVC, ou, ocasionalmente, nas artérias das extremidades, o que pode colocar em risco os braços e pernas do paciente e gera a possibilidade de que seja necessária amputação", conclui Indianara Brandão.