Nesta quarta

Zélia Duncan, Dudu do Cavaco e Orquestra Sesiminas juntos em show solidário

Apresentação visa arrecadar recursos para a manutenção e a ampliação das ações do Instituto Mano Down

Por Bruno Mateus
Publicado em 24 de julho de 2019 | 03:00
 
 
 
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Em novembro de 2017, Zélia Duncan se juntou ao violoncelista, arranjador e maestro Jacques Morelenbaum para homenagear Milton Nascimento, um de seus grandes mestres, no álbum “Invento +”. As 14 faixas daquele disco são o atestado da idolatria de Zélia pela obra de Bituca. “Milton é um dos pilares da MPB, cresci ouvindo, e tem muito a ver com minha formação”, diz a cantora e compositora, apaixonada pela poesia e pelas harmonias da música mineira. 

Passados pouco menos de dois anos, Zélia vai desfilar esse repertório nesta quarta-feira (24), no Teatro Sesiminas, ao lado da Orquestra de Câmara Sesiminas e do músico Dudu do Cavaco, celebrados pela artista: “Para mim, é uma honra. Adoro a orquestra, já tive o prazer de cantar com eles. É crescimento para mim, sempre”. Sobre Dudu, ela completa, empolgada: “Não o conhecia e estou amando a possibilidade de vê-lo tocar de perto”, afirma.

O show desta noite é beneficente e faz parte do projeto Mano a Mano – responsável pelo convite aos artistas –, que está em sua segunda edição e pretende arrecadar recursos para a manutenção e a ampliação das ações do Instituto Mano Down. Zélia comemora o fato de poder ajudar a instituição com sua música. 

Para ela, a fase que o país atravessa não é das melhores, por isso a importância do concerto. “Num momento tão cheio de ódio, tudo que for amor e coletivo me interessa ainda mais”, comenta. 

Contudo, a empolgação com o show contrasta com a preocupação quando ela fala sobre o atual panorama político brasileiro. Para tanto, ela recorre a agosto de 2016, quando o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi consumado no Senado. Zélia chama aquele processo de golpe e diz que, desde então, o país entrou em um buraco que parece não ter fundo.

“O Brasil sempre teve muitos problemas, e Dilma deixou muito a desejar, especialmente no segundo mandato, mas foi legitimamente eleita, e bandidos a tiraram do poder”, critica. 

“Isso foi péssimo para o Brasil, para nossas instituições e principalmente para nossa democracia. Lula preso dessa maneira era, na verdade, o grande objetivo, e hoje está claro que ele é um preso político”, Zélia completa. 

Em outubro, a cantora completa 55 anos, 40 deles dedicados à carreira. Aos 16, ela enviou uma fita cassete para um concurso da Sala Funarte de Brasília. Selecionada em primeiro lugar, Zélia fez seu primeiro show, que teve como abertura a canção “Fazenda”, de Milton Nascimento. A partir dali, várias portas se abriram até chegar a 1995, quando ela estourou nacionalmente com o sucesso “Catedral”, tema de novela e presença certa nas rádios daquele ano.

Desde então, são dezenas de álbuns, milhões de discos vendidos e a permanente construção de uma sólida trajetória na música popular brasileira. 

A curiosidade, no entanto, continua sendo a marca que caracteriza décadas de estrada: “Sou a mesma Zélia, que procura motivos para subir ao palco, motivos honestos comigo e com o público. A procura é a minha vida”. 

Dudu do Cavaco, nome artístico de Eduardo Gontijo, é a outra estrela da noite. O músico, que tem síndrome de Down, apaixonou-se pelo cavaquinho aos 4 anos e, desde então, tem uma dedicação completa ao instrumento. Hoje, aos 28, ele pode dizer com orgulho que já tocou com nomes de peso como Chico Buarque, Jorge Aragão, Hamilton de Holanda e Alcione, que, inclusive, autografaram seu fiel companheiro de quatro cordas. Jota Quest e Paulinho da Viola também estão na lista de parcerias de Dudu.

“Quando estou tocando, pego minha emoção, jogo no cavaquinho, e do cavaquinho, jogo para todo mundo. É minha maneira de espalhar alegria”, diz ele sobre o papel da música em sua vida. 

Dudu do Cavaco está animado para o show de logo mais à noite. Com a Orquestra Sesiminas e Zélia Duncan, a primeira participação dele na noite será com “As Rosas Não Falam”, maravilhoso clássico de Cartola. “Eu Sei que Vou Te Amar”, da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e “Corcovado”, de Jobim, também estão no repertório do músico, que já tocou com orquestras em outras oportunidades. “Espero que seja um sucesso. Estou muito feliz e vou fazer o meu melhor”, afirma o músico, que faz do seu cavaquinho autografado um instrumento de paz e comunicação com as pessoas. 

O QUÊ. Projeto Mano a Mano: Zélia Duncan + Orquestra Sesiminas + Dudu do Cavaco

QUANDO. Nesta quarta-feira (24), às 21h

ONDE. Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, bairro Santa Efigênia)

QUANTO. Ingressos esgotados 

 

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