Recuperação judicial

123milhas ‘culpa’ clientes por crise no negócio, que tem dívida de R$ 2,3 bi

Empresa diz ter esperado que consumidores adquirissem outros serviços na plataforma, o que não ocorreu


Publicado em 30 de agosto de 2023 | 14:32
 
 
 
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A 123milhas responsabiliza, em parte, o comportamento dos consumidores pela atual crise da empresa. No pedido de recuperação judicial que protocolou nessa quarta-feira (29/08), ela afirma que esperava que os clientes do pacote Promo, sua opção mais barata e que está no centro da turbulência, também adquirissem outros serviços na plataforma. Como isso não ocorreu, a empresa não conseguiu honrar seus compromissos, afirma. Leia o trecho da recuperação judicial:

“A Requerente 123 Milhas reconhece que os resultados previstos mediante estudos preparatórios do Programa Promo123 acabaram não sendo atingidos, porque, por exemplo, se acreditava que para cada voo vendido, o cliente também adquiriria outros produtos atrelados à viagem (reservas de hospedagem, passeios etc.), mas isso acabou não ocorrendo na prática. Ainda, pode-se notar que o cliente do produto Promo123 é diferente dos demais clientes da companhia, uma vez que apenas 5% (cinco por cento) dos clientes frequentes da 123 Milhas efetivamente compraram os produtos do Programa Promo123, percentual muito inferior ao previsto e que impediu a efetivação do cross sell [venda cruzada] esperado”.

A 123milhas também culpa condições externas pelo estado em que se encontra agora. Ela afirma que lançou os pacotes Promo acreditando que o aumento da oferta de voos após a pior fase da pandemia de Covid-19 baixaria os preços. Ocorreu o contrário da previsão da empresa, e as passagens ficaram mais caras. Isso fez com que a empresa “não conseguisse adquirir tais produtos nos termos contratados com seus clientes”, afirma.

Ela atribui o fracasso do pacote promocional, ainda, às mudanças nos programas de milhas das companhias aéreas. Segundo ela, as empresas restringiram os usos das milhas nos últimos anos e, com isso, minaram a base do negócio de compra de milhas e venda de bilhetes aéreos. Outro problema, diz ela, é a criação de sistemas de segurança das áreas que dificultam a automação da busca de passagens e milhas mais baratas.

Confira, abaixo, o documento completo do pedido de recuperação judicial da 123milhas:

O pedido ainda não foi aceito pela Justiça. Se for, a empresa ganha 180 dias sem outros processos e tem dois anos para renegociar e pagar suas dívidas, inclusive para os clientes e trabalhadores — a maioria deles demitida nesta semana.

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