A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) criticou a decisão do governo, anunciada nesta quarta-feira (16), de não retomar o horário de verão em 2024. Em nota, o setor afirmou que a deliberação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, desconsiderou os possíveis benefícios econômicos, sociais e ambientais. As projeções, inclusive, eram de que, caso fosse aprovada a implementação de uma hora adicional durante o dia, o faturamento mensal do setor poderia subir de 10% a 15%.
“Estimamos que a extensão das horas de luz natural entre 18h e 21h resultaria em um crescimento de até 50% no movimento nesse período, o que aumentaria o faturamento mensal dos estabelecimentos", detalhou o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
De acordo com a associação, houve uma “falta de consideração” do Ministério sobre os reflexos positivos que a retomada do horário de verão possibilitaria ao setor de bares, restaurantes, comércio e turismo. “O ministro havia dado declarações públicas em que considerava os benefícios econômicos e sociais da medida, especialmente para setores como o nosso. No entanto, esses benefícios foram colocados de lado na decisão final”, observou.
A entidade, inclusive, acredita que a política deveria ser mantida, sem interrupções. No Brasil, o horário de verão deixou de ser obrigatório, em 2019, após decreto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A política pública consiste em adiantar os relógios em uma hora entre os meses da primavera e do verão nos estados das regiões que mais recebem luminosidade solar neste período do ano - no caso Sul, Sudeste e Centro Oeste.
"É muito ruim que o Brasil dependa de previsões de chuvas para decidir sobre o horário de verão. Em países da Europa, América do Norte e até na América do Sul, essa política é comum e benéfica", criticou o presidente da Abrasel, que também citou a recomendação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de retomada do horário de verão.
A sugestão ao governo foi feita em setembro, no auge da estiagem que afetou grande parte do Brasil. De acordo com o ONS, o retorno do horário de verão poderia reduzir o consumo, em até 2,9% da demanda máxima, gerando uma economia em torno dos R$ 400 milhões. “Surpreende-nos que, num cenário em que cada economia é importante para o consumidor brasileiro, o ministro considere irrelevante essa economia de energia. As tarifas estão cada vez mais caras, e sempre existe algum risco no fornecimento", arrematou Solmucci.
Comércio também reprova decisão
Em nota, a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) também lamentou a decisão do governo. “Com uma hora a mais de luz natural, a tendência é que as pessoas circulem mais pela cidade já que, ao saírem do trabalho, o dia ainda está claro, as lojas estão abertas e isso impulsiona o consumo", ponderou a CDL.
Além dos bares, restaurantes e lojas de comércio, a decisão do governo também impacta academias, espaços de lazer e locais de prestação de serviços, de acordo com a CDL. "O aumento do consumo impacta diretamente na cadeia produtiva”, finalizou.