A venda de novos imóveis em Belo Horizonte teve um salto de 60% no terceiro trimestre de 2024, em comparação ao mesmo período do ano passado. A comercialização também cresceu ante ao segundo trimestre do ano. Entre julho e setembro, o mercado imobiliário da capital mineira registrou 2.135 casas e apartamentos negociados. Os dados integram uma pesquisa da Brain Inteligência Estratégica, e foram divulgados em workshop da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação (CMI-Secovi). 

De acordo com o estudo, nos últimos 12 meses, 98% dos imóveis lançados em BH foram vendidos. O segmento que mais observou expansão nas transações foi o standart, cujo ticket médio na capital está avaliado em R$ 459.891. O valor vale também para Nova Lima, cidade que também observou crescimento no período. Já outras cidades da região metropolitana de Belo Horizonte como Contagem observaram queda nas vendas de imóveis. 

O diretor de Pesquisa, Estatística e Tecnologia da Informação da CMI, Leonardo Matos, afirmou que o crescimento em BH está relacionado às mudanças no programa 'Minha Casa, Minha Vida'. Desde junho de 2023, o governo federal alterou regras, subindo para R$ 350 mil o valor máximo para financiamento de imóveis. “Com essa nova versão do programa, esse novo incentivo, tornou-se possível fazer lançamentos em Belo Horizonte, o que antes era mais difícil. Então eu acredito que houve uma migração. Eu acho que parte desse volume que a RMBH perdeu, migrou para Belo Horizonte”, atestou Matos. 

Guilherme Werner, sócio da Brain, afirmou que até junho de 2023, a capital mineira não contava com lançamentos do programa habitacional, tendo em vista que os limites máximos de financiamento variavam entre R$ 190 mil e R$ 264 mil. Segundo Werner, um risco à manutenção desse crescimento pode ser o crescimento da Selic, a taxa básica de juros. Atualmente, o índice está em 11,25%, contribuindo para o encarecimento dos financiamentos imobiliários. 

“A gente tem uma boa parcela da classe média para se encaixar nesse segmento standard. A dificuldade hoje para esse segmento é a despeito dos juros que a gente possui a nível Brasil, e o quanto isso respinga na taxa dos financiamentos imobiliários que os bancos precisam praticar. Então, quando há uma elevação dos juros e das taxas de financiamento, o poder de compra dessa classe média é muito achacado. Ainda que exista uma demanda quase que inesgotável para esse tipo de produtos, é uma demanda muito sensível, realmente, às flutuações macroeconômicas”, salientou Werner. 

Projeções 

O diretor da CMI-Secovi, Leonardo Matos,  afirmou que ainda há margem para que o setor cresça mais até o final do ano. Para 2025, Matos projetou uma manutenção dos bons resultados alcançados neste ano. “Nós acreditamos que o mercado vai continuar aquecido, crescendo. Eu acho que ainda há demanda para muita moradia. O mercado está aquecido. Eu acho que há uma preocupação tanto do governo quanto dos grandes players do mercado quanto a encontrar novas formas de financiamento imobiliário”, argumentou. 

Leonardo Matos, no entanto, atrelou o bom desempenho à recepção no mercado do pacote fiscal anunciado pelo governo e da evolução da Selic. “Mas nós estamos com boas perspectivas de que 2025 será um bom ano”, arrematou.