Uma instituição de longa permanência para idosos é uma alternativa a que eles próprios ou as famílias podem recorrer quando a atenção e os cuidados em casa já não são suficientes. Mas a opção pode ter custos tão altos quanto R$ 12 mil mensais em Belo Horizonte e região, mostra um levantamento do site de pesquisa Mercado Mineiro divulgada nesta segunda-feira (30/12).

O site avaliou valores cobrados por 41 instituições e cuidadores e detectou que o preço médio da mensalidade, em 2024, chega a R$ 5.376,71, alta de 19,6% comparada aos R$ 4.495,29 do ano anterior. O valor mais baixo encontrado foi de R$ 3.000.

O administrador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, explica a diferença entre as instituições. “Normalmente, o que é oferecido nessas casas? Avaliação médica, psicológica, nutricionista, controle de pressão diário, atendimento 24 horas, seis refeições balanceadas durante o dia, além de várias outras opções, como dança sênior, orientação familiar, música, pintura, artes manuais, passeios e leitura, além de fisio e fonoaudiologia, que também são acrescentadas no valor. É como se fosse um hotel. Você tem o hotel cinco estrelas, que tem uma infraestrutura bem melhor, e o hotel que também atende bem e, de repente, pode ser a solução”, pontua.

A mensalidade mais cara entre as pesquisadas é a do Aquarela Residencial Sênior, no bairro Santa Lúcia, na região Centro-Sul de BH. A diretora da casa, Luiza Campolina, explica que a instituição foi construída especificamente para atender idosos, por isso atende todas as normas técnicas exigidas para esse público, como portas largas para quem usa cadeira de rodas, ambientes sem degraus e áreas arborizadas para aumentar o contato com a natureza no meio da cidade.

“Temos uma equipe assistencial 24 horas com oito enfermeiros com curso superior de plantão. Nossa equipe tem 150 funcionários e temos música ao vivo todo final de semana para a família vir almoçar e chef de cozinha que faz seis refeições diárias balanceadas, por exemplo. O que justifica o valor são a infraestrutura planejada e a assistência 24 horas”, lista ela. A mensalidade de R$ 12 mil é para os quartos divididos entre duas pessoas. Já os individuais são R$ 17 mil. Hoje, a casa opera com sua capacidade máxima de 90 residentes.

Luiza reflete que a escolha da família por levar o idoso para um residencial é um processo delicado. “Envolve uma dor. A família acha que colocar a pessoa em um residencial é abandono. Mas um idoso em casa sozinho vendo televisão é uma forma de abandono. As famílias tentam um processo de transição e contratam um cuidador, mas é muito difícil gerenciar a casa, o cuidado e ainda ter tempo de qualidade com o idoso. Hoje, a procura pelos residenciais tem sido maior, e eles têm sido mais bem aceitos, porque as pessoas entendem que não é abandono ou depósito de pessoas. As famílias vêm aqui para ler um livro, almoçar, fazer caminhada no solário, ouvir música...”.

Supervisora do projeto Rede 3i da Cemais, uma associação sem fins lucrativos que faz a articulação entre governo, ONGs e sociedade civil, Patrícia Alves também destaca o papel desse tipo de instituição no mundo contemporâneo. “É preciso desmitificar o olhar para as instituições de longa permanência, que são cheias de mitos. Existe a ideia de asilos como locais ruins, para onde vão pessoas sem alternativas, como uma instituição de última instância. Mas, à medida que mais pessoas envelhecem, precisamos entender esses locais como potencializadores de vidas, onde as pessoas podem viver e ter acessos a tratamentos necessários. Ou seja, estamos falando em qualidade de vida”, diz, em reportagem anterior de O TEMPO.

O site Mercado Mineiro disponibiliza a lista completa de instituições pesquisadas, valores e endereços.