Já conhecida do grande público, a padaria Seleve, localizada no bairro Lourdes, na região Centro-Sul, está mudando a estratégia dos negócios após uma década de atividades. O estabelecimento, sem glúten e sem lácteos, passou a oferecer cursos de panificação glúten free. “Estamos há dez anos no mercado e sempre nos adaptando, principalmente pós-pandemia, onde fomos muito impactados. Retomamos o crescimento e esse ano diversificamos mais uma vez [...] A ideia é no segundo semestre lançar produtos digitais”, conta Ana Tereza Teixeira Nogueira, sócia do empreendimento.
Até 2019, com a venda de pães, bolos, salgados e a linha festa, a loja faturava cerca de R$ 1,2 milhão. O produto campeão de vendas sempre foi o pão de sal, a R$ 49,90 o quilo. “É um produto querido pelos brasileiros e que está no dia a dia. Muitos celíacos vêm à padaria e se emocionam ao ver o pão francês. Às vezes, tem anos que não comem”, lembra Ana.
Durante a pandemia, porém, as empreendedoras viram seu faturamento cair 50%. “Depois, com a inflação, as pessoas começaram a comprar menos. A retomada foi lenta e ano passado ficamos estagnados”, conta Ana.
Após esse período mais desafiante, a marca conseguiu voltar ao patamar de R$ 1 milhão de receita, mas as sócias viram que era hora de mudar porque o hábito de seus clientes também havia se transformado. “Já que estão comprando menos fora esse tipo de produto [de panificação], vamos ensiná-los a fazer. Começamos a vender as matérias-primas, como farinha de arroz, de amêndoas”, explica Ana.
Além de repensar o futuro do negócio, Ana diminuiu o mix de produtos e reduziu o horário de funcionamento da loja. “Eu percebi que, entre 8h e 9h, a gente estava atendendo um cliente por hora. Então, agora eu abro às 10h. Fiz algumas mudanças significativas: reduzi o quadro de funcionários e estou partindo para essa questão dos cursos, do digital. Foram as estratégias que eu adotei para reduzir custos e partir para uma outra frente”, destaca a empresária.
Pastelaria vira opção para celíacos no Mercado Novo
Em 2020, no início da pandemia, o advogado André Santos Parreiras, de 39 anos, ficou desempregado. Sem trabalho, ele começou a fazer comida em casa e um dia se arriscou no preparo de pastéis de angu, feitos à base de fubá e originalmente sem glúten, para a sua esposa, que há sete anos se descobriu celíaca.
Os pastéis foram tão elogiados que ele começou a fazer para vender no prédio, em feirinhas, em cervejarias… Até que em janeiro do ano passado ele viu que não conseguia mais produzir na própria casa e montou uma fábrica e loja no Mercado Novo, na região central de Belo Horizonte. Em um ano, as vendas aumentaram em 70%
O investimento inicial do negócio foi de R$ 30 mil, valor gasto com maquinário novo, freezer, geladeira, bancada e utensílios, como tábuas e panelas. Todo o ambiente é controlado por André para não haver contaminação cruzada.
“O público não é só celíaco. Como o pastel de angu é muito típico e o Mercado Novo é um ponto turístico, as pessoas vêm”, conta André.
No Pastel do Moinho há nove sabores de pastéis, como carne, frango com catupiry, jiló com bacon, queijo, alho poró com catupiry e ragu de costelinha, o de maior sucesso. Aos veganos e celíacos ainda existe a opção de recheio de quiabo. Cada porção com seis unidades sai a R$ 31. Os pacotes congelados, a depender do sabor, podem sair entre R$ 10 e R$ 25.
A loja conta ainda com opções de cerveja sem glúten e, aos fins de semana, André tem estendido o horário de atendimento até às 21h, para receber clientes que queiram estender o happy hour. “Praticamente não tem nenhum lugar à noite para o celíaco comer”, lembra André.