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Aumento na conta de luz pode encarecer outras coisas? Veja o impacto na inflação de BH

Tarifa de energia elétrica de clientes residenciais terá preço reajustado em 6,7% a partir do próximo dia 28

Por Nubya Oliveira
Publicado em 22 de maio de 2024 | 12:54 - Atualizado em 22 de maio de 2024 | 13:01
 
 
 

O reajuste na tarifa de energia elétrica de 6,7%, que começa a valer a partir do próximo dia 28 para os clientes residenciais da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), deve ter um impacto de 0.20 pontos percentuais na inflação de Belo Horizonte. Esse resultado é quase o mesmo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrado durante o mês de abril na capital, que foi de 0,24%. Ou seja, somente o efeito do aumento da conta de luz vai equivaler a quase a mesma elevação acumulada do último mês em BH. A análise é da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas (Ipead/UFMG). 

Já no Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), o impacto será ainda maior, uma vez que o indicador abrange famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos. O reflexo deve ser de 0.30 pontos percentuais, mais alto do que a inflação acumulada ao longo do último mês em BH. Os efeitos são relevantes, uma vez que a energia elétrica tem um peso significativo no custo de vida da população. No IPCA, responde por 2,94%, e no IPCR a 4,45%, conforme os dados da Ipead. No segundo indicador, o impacto é ainda mais perceptível porque as famílias gastam uma parcela maior do orçamento com conta de água, alimentação, aluguel e transporte. Inclusive, esses gastos poderão ser ainda mais sentidos, caso as empresas decidam repassar o aumento de custos para os preços das mercadorias e serviços.

De acordo com o economista da Fundação Ipead Diogo Santos, a partir da conta de energia elétrica que chegará em junho, o cliente já vai perceber o aumento, que será ainda mais notado na fatura que receberá em julho. “É um reajuste que irá impactar no custo de vida, mas é bom também destacar que ele é previsto contratualmente com base na evolução dos custos de geração de transmissão e distribuição de energia. Apesar dos reflexos relevantes, vale também dizer que a inflação ao longo deste ano está mais comportada de modo geral do que a observada nos anos anteriores,” enfatiza. 

O especialista também ressalta que os níveis de empregabilidade também vão ajudar a minimizar os efeitos para os consumidores. “É um momento em que a renda das famílias está um pouco melhor do que nos anos anteriores, permitindo que pelo menos parte da população possa absorver esse reajuste em seu orçamento. Mas é importante que essa alta seja acompanhada de medidas para melhorar a produção e oferta da energia permanentemente para a sociedade, garantindo também menor impacto sobre o meio ambiente.” 

O reajuste 

Nessa terça-feira (21/5), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o Reajuste Tarifário Anual da Cemig Distribuição S/A. Com isso a tarifa residencial ficará 6,7% mais cara a partir da próxima terça-feira (28). O valor é 3,01 pontos percentuais maior do que a inflação dos últimos 12 meses. De acordo com o IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado até abril foi de 3,69%. Por sua vez, o aumento para a indústria será de 8,63%, mais do que o dobro da inflação acumulada. 

Segundo a Cemig, porém, o reajuste está abaixo do acumulado da inflação dos últimos cinco anos. Enquanto o valor da tarifa da companhia foi reajustado em 27%, o IPCA no período foi de 32%. A companhia também afirma que, do valor cobrado na tarifa, "apenas 25,8% ficam na empresa e se destinam a remunerar o investimento, cobrir a depreciação dos ativos e outros custos. Os demais 74,2% são utilizados para cobrir encargos setoriais (16,7%), tributos pagos aos Governos Federal e Estadual (20,9%), energia comprada (26,7%), encargos de transmissão (9,4%) e receitas irrecuperáveis (0,5%)". 

Já a Aneel explica que o cálculo do reajuste leva em conta os custos com compra e transmissão de energia e os encargos setoriais que custeiam políticas públicas estabelecidas por meio de leis e decretos. 

Atualmente, a Cemig é responsável pelo fornecimento de energia em 774 municípios de Minas Gerais, atendendo a 9 milhões de unidades.

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