O real foi oficialmente lançado em 1º de julho de 1994, há exatos 30 anos, com a expectativa de dar fim a um longo período de recessão e hiperinflação no país. Ele já chegou com o “peso” de ser a nona moeda oficial do Brasil, desde a Independência do país, e precedido por oito não tão bem-sucedidos cifrões, além de seis planos econômicos emergenciais que fracassaram: Cruzado 1 (fevereiro de 1986); Cruzado 2 (novembro de 1986); Bresser (junho de 1987); Verão (janeiro de 1989); Collor 1 (março de 1990) e Collor 2 (janeiro de 1991). Mas a nova moeda se mostrou forte e conseguiu mudar o Brasil de patamar, controlando a alta generalizada e corriqueira de preços e trazendo estabilidade para a economia.

Rubrica mineira

A rubrica mineira estava na concepção do Plano Real. No lado político, o protagonista da criação da moeda era o então presidente da República e ex-governador de Minas Gerais, Itamar Franco, que escalou os principais nomes para a condução do plano. Do lado econômico e técnico, entre brilhantes e renomadas personalidades, estava o mineiro, de Lambari, Edmar Bacha, economista de grande formação e ex-presidente do IBGE e BNDES. 

Confira a entrevista completa com Edmar Bacha

O Plano Real foi colocado pela primeira vez no papel no dia 13 de agosto de 1993. Mais exatamente em um papelzinho azul, como relata Bacha. Naquele dia, o presidente Itamar Franco (1930-2011) havia anunciado a demissão de Paulo Cesar Ximenes da presidência do Banco Central. Não avisou o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que havia indicado o economista para dirigir a instituição. No mesmo dia, FHC convocou alguns membros da equipe que faria o Plano Real para uma reunião. Depois, iria conversar com Itamar sobre os rumos da equipe econômica do governo.

"Enquanto esperava a reunião, em uma sala de espera, peguei um papelzinho azul e alinhei um conjunto de pontos sobre como seria o plano (Real) que implementaríamos caso não estivéssemos de saída do governo”. Depois da reunião, ele disse que rasgou o "papelzinho". "Era para não vazar para vocês (imprensa)", disse aos risos em entrevista concedida para O TEMPO.

O Plano Real, do qual resultou a moeda, foi uma obra coletiva, segundo Edmar Bacha. Além dele, contou com a colaboração de Pedro Malan, Gustavo Franco, André Lara Resende, Persio Arida, Winston Fritsch e outros, sob a coordenação política de FHC, que era o interlocutor dessa equipe técnica com o Planalto.

“O mais importante, após a implantação do real, creio, é o aumento da concorrência (econômica) do país. O Brasil deixou de ser uma economia extremamente fechada e altamente regulada para ser uma economia mais aberta e com um grau de concorrência interna maior. Hoje não é mais tão simples como no passado repassar aumento de custos para preços finais”, disse. 
Reportagem especial

Os 30 anos do real serão retratados em um caderno especial na edição impressa de O TEMPO desta segunda-feira, 1º de julho, o aniversário oficial da moeda. 

Também haverá vasto e exclusivo conteúdo no portal O TEMPO, nas redes sociais e na FM O TEMPO, com entrevistas e reportagens ao longo da programação.

Confira abaixo a entrevista completa com o economista Edmar Bacha, um dos "pais" do real:

https://www.youtube.com/watch?v=CbG0CDBKF1s