Em 1994, foram emitidas as notas de R$ 1, 2, 5, 10, 20, 50, 100. Atualmente, da primeira família do real, a cédula de R$ 1 pode ser mais valorizada, uma vez que pode ser comprada por até R$ 150. Segundo o colecionador Irlei Soares das Neves, 62, o preço depende da série e do ministro que a assinou. “Vendo uma única nota de R$ 20 a R$ 150. Agora, se a pessoa quiser comprar mais de uma peça, como por exemplo um pacote, o preço sai mais bem mais em conta, em torno de R$ 13 cada.” 

Conforme o Banco Central, a nota de R$ 1 continua valendo. Atualmente, há cerca de 148 milhões de exemplares dessa cédula no mercado. O momento de maior circulação ocorreu em dezembro de 2002, quando havia 893 milhões em movimento. Mas, em 2006, as cédulas de R$ 1 pararam de ser produzidas, sendo substituídas gradualmente pelas moedas.

Paixão pela numismática

Em meados de 1979, ao passar por uma banca na rua dos Tamoios (BH), Irlei Soares se deparou com algo que se transformaria em uma paixão: coleção de moedas. Quarenta e cinco anos depois, ele possui em seu acervo aproximadamente 20 mil peças, incluindo moedas, cédulas e medalhas brasileiras. Alguns itens são únicos e extremamente valiosos, alcançando preços astronômicos. Além disso, ele tem duas lojas numismáticas – em BH e São Paulo. 

Nota histórica de um conto de réis (foto Daniel de Cerqueira/O TEMPO)

 

Dos florins – primeiras moedas cunhadas durante o domínio holandês no Nordeste brasileiro (1630- 1654) – ao real. “Sou apaixonado pela numismática. Acho que já cheguei aonde queria, que é nesse lugar de reconhecimento por qualidade, quantidade e recunhos raros,” destaca. 

O numismata fala com carinho de seu acervo. “Tenho peças clássicas. A mais recente que comprei é um ensaio de 2 mil réis de 1870, com o busto de Dom Pedro II. Possuo todas as cédulas desde 1942 até hoje. E do réis, só não tenho quatro. As que mais gosto são as de prata, principalmente de 960 réis, que foram cunhadas em cima de outras moedas de diferentes países.” 

Apesar de observar que o mercado numismático está crescendo em Belo Horizonte e no Brasil, Irlei diz que há uma disparidade em relação ao cenário internacional. “O nosso mercado é muito sazonal, depende muito da economia. No Brasil há cerca de 10 mil colecionadores. Depois das Olimpíadas de 2016, esse número aumentou, mas ainda não se compara a de outros, como o dos EUA, por exemplo, que reúne milhões de numismatas.” 

Cultura

O colecionismo de moedas é visto pelo pesquisador da UFMG Gabriel Correia como um movimento de preservação da cultura brasileira. Em sua tese de doutorado, estudou as memórias de diversos colecionadores, sob o ponto de vista da administração. Para ele, o ato de colecionar pode surgir de diferentes pontos de vista. “Na maioria dos casos há uma ligação sentimental muito grande com os objetos. Então, nem sempre o valor financeiro dos itens importa para eles. Muitos colecionadores fazem isso por influência familiar”, enfatiza.

Para ele, a numismática é muito valiosa, mas pouco incentivada no Brasil. “Essas memórias e os espaços de memória – como os museus, por exemplo – são constantemente sucateados na nossa sociedade. Precisamos inverter esse processo”, conclui.