Você que almoça fora de casa todos os dias já percebeu que o vale-alimentação não dura até o fim do mês? Se a resposta for sim, essa impressão é comprovada pela pesquisa + Valor, feita pela Ticket, marca da Edenred Brasil de Benefícios e Engajamento, em mais de 4,5 mil restaurantes em todo o território nacional.
O estudo revelou que o aumento do preço médio da refeição completa nos últimos cinco anos foi superior ao do salário mínimo. De acordo com o levantamento, o valor médio de uma refeição com prato principal, bebida, sobremesa e cafezinho em 2019 era de R$ 34,62, enquanto este ano está custando, em média, R$ 51,61, o que representa um aumento de 49%. Já o salário mínimo, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que era de R$ 998 cinco anos atrás, hoje está em R$ 1.412, ou seja, um crescimento de 41%.
Isso significa que quem recebe R$ 7060 tem cerca de 15% de sua renda comprometida com as refeições de almoço e quem recebe três salários mínimos tem em média 24% de comprometimento. Já para quem tem uma remuneração de um salário mínimo, 73% da renda fica comprometida.
Ainda de acordo com a pesquisa, uma pessoa que não recebe vale-refeição precisaria desembolsar R$ 1032,23 por mês para garantir o almoço de segunda a sexta – considerando que o mês possui, em média, quatro semanas. Isso corresponde a 73% do salário mínimo. Se somar o preço médio da cesta básica, que segundo o DIEESE é de R$ 709,28, essa conta sobe para R$ 1741,51, ou seja, 123% do valor do salário
Para Feliciano Abreu, coordenador do site Mercado Mineiro e do aplicativo ComOferta, o aumento no preço dos insumos é um fator que pesa para os donos de restaurantes. “O preço dos alimentos como carne bovina, carne suína, itens de hortifruti e o aumento do gás de cozinha, a energia elétrica e o custo de aluguel são alguns fatores que influenciam diretamente para os proprietários de restaurantes. Infelizmente, para o consumidor, é muito difícil, porque ele tem que trazer refeições de casa. Os valores do ticket alimentação não são suficientes para arcar com a alimentação fora de casa”, explica Feliciano.
Na análise regional, o Sudeste é o local em que cinco refeições no horário do almoço por semana pesam mais no bolso do trabalhador, onerando 77% do salário mínimo, enquanto o Norte e o Centro-oeste dividiram a última posição, com 64% do valor total do salário.