É fácil imaginar que grandes empresas multinacionais de entretenimento lucrem cifras exorbitantes tendo o público nerd/geek como alvo. É o caso da Marvel que fatura US$ 16 bilhões (mais de R$ 87 bilhões) com os filmes lançados pela Disney. A italiana Panini, que é uma das maiores editoras do mundo especializada em quadrinhos e mangá, tem uma receita mundial de € 50 milhões (equivalente a R$ 3,3 bilhões).

Mas não são só as grandes empresas que faturam alto com o público que se considera nerd ou Geek. Os pequenos empresários também. Por isso, a reportagem de O TEMPO levou para o rádio (e agora também para plataformas de streaming de podcasts, ouça os episódios abaixo) alguns casos de quem empreende pensando neste público.

Episódio 1: Feiras

O mercado nerd/geek conta com iniciativas que nutrem o mercado e movimentam diversos setores. Grandes eventos, como a CCXP, são uma delas e garantem não apenas a divulgação de filmes, séries e games, mas também a possibilidade para pequemos empreendedores explorarem e, claro, venderem seus produtores. 

Em Minas Gerais, o maior evento desse segmento é o Nerd Experience. Próximo à décima segunda edição, o evento é coordenado por Ado Silva Viana e traz um movimento de R$ 500 mil somente para feira que integra a programação.

"As feiras são muito importante por meio delas o público tem contato com itens exclusivos. Assim, possibilita o público ter uma experiência nova", afirma Ado. 

Episódio 2: Casas de jogos

Os nerds não gostam somente de jogos de videogame, como League of Legends. O RPG, em que cada jogador interpreta um papel pré-definido, e os jogos de tabuleiro também são apreciados como uma excelente oportunidade de socialização.

E é aí que entra o encontro entre o empreendedor e a demanda. Nem sempre é fácil para seus fãs de jogos encontrar um espaço para ficarem à vontade para brincar. E as casas especializadas em jogos de tabuleiro podem atrair esse público.

Como o Ludo Café, instalado numa casa confortável no bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, desde 2018.

“Nós não temos o intuito de atender só as pessoas nerds. Os jogos de tabuleiro são uma atividade que agrada o público no geral, então com isso atendemos muitas famílias, muitos grupos de amigos que querem ter uma opção diferente do que fazer em Belo Horizonte. Então, tem muitos jovens, muitos jovens adultos que escolhem vir para cá mesmo não se considerando nerds. Pessoas, porque querem uma opção diferente do que fazer na hora que saem com os amigos”, explica o sócio-proprietário Renato Oliveira. 


Episódio 3: Cosplay

Também faz parte da cultura nerd/geek o ato de fãs se fantasiarem de seus personagens preferidos, sejam eles de filmes ou dos games. O nível de detalhamentos dessas fantasias, inclusive, é impressionante. Roupas, acessórios, maquiagem, tudo feito sempre com muito esmero para os cosplayers - como são chamadas as pessoas que se fantasiam - participarem de eventos.

Devido à aderência à prática, muitos profissionais de costura começaram a se especializar neste tipo de serviço. É o caso de Verônica Busato, de 28 anos. Estudante de moda, viu na produção de cosplay uma saída para enfrentar as dificuldades financeiras impostas pela pandemia da Covida-19. (Ouça no episódio abaixo a entrevista com ela)

Os valores cobrados para um cosplay variam de acordo o nível de elaboração. Pode variar de R$ 100 e chegar até R$ 1000. 

Episódio 4: Lojas e bancas

Quem é nerd com orgulho faz questão de ter objetos ligados aos conteúdos culturais favoritos. Naruto, Super Mario, super-heróis, Stranger Things, Star Wars…

Não faltam lojas virtuais e físicas com produtos divertidos. Uma delas é a Mais Um Nerd, localizada no bairro Céu Azul, na região da Pampulha, em BH. 

“Os itens que mais saem na nossa loja são as canecas, almofadas e as camisetas. Todos com aquele toque especial que só a cultura geek pode oferecer. O mercado geek está em plena ascensão e conquistando fãs de todos. De todas as idades ao redor do mundo, e é cada vez mais raro encontrar alguém que não conheça pelo menos um personagem, ou um filme, ou um herói, e que não esteja familiarizado com os lançamentos mais recente do cinema”, diz Erik Vieira, proprietário do Mais Um Nerd.

Até mesmo as bancas de jornais são referências para este público. A Banca Glória, na Praça Sete, há mais de 20 anos é referência para fãs de quadrinhos e mangás. 

Mas depois da pandemia a situação mudou um pouco. “A gente tem grandes clientes fiéis que desde o início continuam comprando conosco, então já estão com a gente aí há mais de 20 anos e mesmo que não estejam comprando a mesma quantidade pelo aumento considerável nos preços dos produtos, né? Quando nós iniciamos aqui os mangas custavam R$2,90, hoje o preço inicial do manga hoje é R$39,90, então você pode ver como aumentou o valor, então. Como a gente tinha um público infantil, juvenil, que estudava, guardava o dinheiro da merenda para poder comprar naquela época, hoje não se tem mais essa condição. Antes você juntava a merenda, conseguia comprar dois, três títulos de mangá, hoje você só consegue comprar um e mesmo assim, com uma semana de lanche, eu creio, porque é muito caro”, diz Carlos Eduardo, como da Banca Glória.