O Banco Central informou que a carta aberta com explicações sobre o descumprimento da meta de inflação de 2024 será publicada às 18 horas (de Brasília) desta sexta-feira, 10/01. O documento será assinado pelo presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, e endereçado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de 2024 ficou em 4,83%, acima do teto da meta, de 4,50%. O centro do alvo era de 3%. Foi a oitava vez que o BC descumpriu o alvo desde o início do regime de metas, em 1999. A carta deve conter as razões do descumprimento, as providências para garantir a convergência da inflação à meta e o prazo para que isso ocorra.

A meta foi descumprida. E agora? Para Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, o número geral do IPCA de dezembro "até que não foi ruim". "Os 0,52% vieram abaixo do esperado e o nível acumulado em 2024, 4,83%, apesar de indicar que o novo presidente do BCB, Gabriel Galípolo, nem bem esquentou a cadeira e já vai ter que escrever a sua “cartinha” para o Ministro da Fazenda, no fim não foi nenhuma surpresa. O ruim mesmo na divulgação de hoje foi a composição do número. Praticamente todos os dados qualitativos voltaram para níveis de 2022, quando, a inflação acumulada no ano, foi de 5,78%. Por isso não parece surpresa que uma parte relevante dos analistas espere que o IPCA em 2025 fique acima de 5,00%. Por enquanto este não é o nosso cenário por dois motivos. Primeiro porque os juros – que na nossa projeção subiriam até 15,00% ao ano, ficando nesse patamar até o final de 2025 – devem começar a impactar a economia a partir do 2º semestre. Além disso, ao contrário de 2024, quando tivemos o impacto de dois fenômenos climáticos– El Niño e La Niña – e uma quebra de safra agrícola, 2025 aparenta ter apenas um La Niña fraco e uma safra recorde. Com isso esperamos uma variação nos alimentos bem abaixo do que foi no ano passado. Por conta destes dois fatores, projetamos que o IPCA em 2025 fique em 4,80%, relativamente o mesmo patamar de 2024 o que, obviamente, não é uma boa notícia para o BCB", disse. 

Já Monica Araújo, estrategista de alocação da InvestSmart XP, disse que, mais uma vez, o índice mostrou abertura ruim e núcleos acelerando "o que corrobora com o cenário indicado pelo Banco Central na última reunião (que aponta manutenção dos juros nos patamares atuais)". Na reunião do Comitê de Política Monetaría (Copom), do BC, em dezembro de 2024, a taxa Selic subiu para 12,25% ao ano. "Poderemos ver novas revisões autistas nas previsões do IPCA para 2025, apesar dos dados de produção industrial e vendas no varejo divulgados essa semana indicarem algum arrefecimento da atividade", conclui a especialista.

 Na visão de Heliezer Jacob, economista do C6 Bank, o cenário econômico seguirá desafiador em 2025: "o mercado de trabalho aquecido e a perspectiva de câmbio depreciado pressionarão ainda mais a inflação nacional. A projeção do banco é de que o IPCA brasileiro feche o ano em 5,7%, acima do limite superior da meta estipulada para 2025".  

 Para o C6 Bank, os dados de hoje reforçam a visão de que o Copom deve manter o ritmo de alta dos juros já sinalizado pela autoridade monetária para tentar controlar a inflação do país.  “Esperamos um aumento de 1 ponto percentual na Selic no final do mês e novos ajustes nas reuniões seguintes, com a Selic chegando a 15% em junho”, afirma Jacob.