O famoso cafezinho com leite e pão dos mineiros ficou mais caro nos dois últimos meses. Pressionados pela alta do dólar e pela quebra de safras, os itens da tradicional refeição chegaram a ficar quase 19% mais caros nas padarias de Belo Horizonte e da região metropolitana. Conforme a pesquisa do site Mercado Mineiro, divulgada nesta segunda-feira (27/1), o café 3 Corações de 250g, por exemplo, subiu 18.90%. Custando R$ 13,75 em novembro do ano passado, o grão saltou para R$ 16,35 neste mês.
O cafezinho puro aumentou 7.13%, passando de R$ 1,63 para R$ 1,75. O pingado teve alta de 4.58%, saindo de R$ 1,92 para R$ 2,01. Já o café com leite subiu de R$ 2,43 para R$ 2,49, representando elevação de 2.48%. O leite também acompanhou o crescimento de preço. O integral Itambé ficou 2.5% mais caro - antes custando R$ 7,31 foi para R$ 7,49. O tipo C de saquinho saltou de R$ 6,51 para R$ 6,70, um aumento de 3%.
Os pães também não ficaram para trás. O doce e o sovado subiram pelo preço médio R$ 1.78%. O de sal - francês - passou de R$ 21,41 para R$ 21,44, o que significa alta de 0.13%. Já o de forma seven boys saiu de R $8,79 para R$ 9,01, um aumento de 2.45%. O pão com manteiga ficou 0.79% mais caro, e o de queijo, 0.35%.
“Nos dois últimos meses, notamos que vários itens subiram na mesma proporção que os custos da padaria. A gente tem que lembrar que o dólar interfere bastante na farinha de trigo e derivados. O leite também se mantém num patamar muito alto. Então esse custo é repassado para as receitas, e obviamente, percebido no preço do próprio leite. Sem falar no café, que disparou durante o ano de 2024, com tendência de ainda mais alta para este ano. Então as padarias vêm sofrendo com isso também. E claro, sem esquecer do consumidor, que sofre ainda muito mais, porque não tem recomposição salarial para suprir esses aumentos,” destaca o diretor do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu.
Variação
Outro ponto mostrado na pesquisa, que consultou 30 padarias entre os dias 20 e 23 de janeiro de 2025, foi a variação de preços. As diferenças são significativas. Por exemplo, o quilo do pão doce ou sovado pode variar 198%, podendo ser encontrado de R$ 17,90 até R$ 53,40 .O leite integral Itambé pode custar de R$ 6,59 até R$ 9,20, uma diferença de 39%. Já o cafezinho varia de R$ 1,50 até R$ 2,50, o que representa uma variação de 66%.
Veja outras variações:
- pão de queijo: 176%;
- pingado: 76%;
- o quilo do pão de sal: 75%;
- pão de forma Wickbold: 68%;
- quilo do presunto: 66%;
- manteiga Itambé de 500g: 43%;
- leite integral Itambé: 9%.
A pesquisa completa pode ser encontrada no site mercadomineiro.com.br.
Efeitos climáticos
A alta do preço do café pode ser explicada por diversos fatores ligados à produção, que acabam refletindo no custo final do produto vendido ao consumidor, de acordo com agentes do setor. O coordenador técnico estadual de culturas e café da Emater, Sérgio Regina, explica que o Brasil - e também diversas localidades no mundo - passou por questões climáticas extremas nos últimos anos, o que afetou muito a produção de café. “É uma série de fatores que historicamente nunca aconteceram dessa forma”, diz.
O coordenador pontua que, em virtude disso, os estoques estão baixos e lembra que Minas Gerais, por exemplo, sofreu com geadas em 2021 e, desde então, vem sofrendo uma série de impactos na mudança do clima. “Foram geadas severas nas regiões produtoras, principalmente no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas. Logo em seguida, tivemos uma estiagem prolongada e altas temperaturas”, diz. Vale lembrar que o ciclo do café, da plantação até a primeira safra, dura cerca de dois anos. (Com informações de Raíssa Pedrosa)