Em meio ao boom imobiliário, que faz da Savassi o bairro mais caro para se comprar um imóvel em Belo Horizonte, o setor comercial colhe benefícios com a chegada de novos moradores à região -  e com a manutenção dos antigos. O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, sinalizou uma recuperação da região após o esvaziamento causado pela pandemia.

Segundo ele, a saída de algumas empresas durante a crise sanitária, para outros endereços e para o modelo home office, tornou a região mais vazia, facilitando o adensamento residencial com a diminuição, sobretudo, de carros trafegando pelas ruas da região.

Entorno do Pátio Savassi é um dos mais movimentadas da região - Flávio Tavares/ O TEMPO

“A Savassi voltou a ser procurada como um local ideal de moradia, porque os serviços que se mantiveram do dia-dia, como pequenos supermercados, lojas de conveniência, serviços e comércio que atendem ao dia-dia da pessoa. Quem ficou está se beneficiando e outros comerciantes estão voltando a ocupar a região”, garantiu Marcelo.

Andando pelas ruas da Savassi, ainda é possível observar um número relevante de lojas com placas de aluguel. Os dados da FipeZap também indicam a Savassi como a região com o maior preço de locação comercial, calculado em R$ 45,62 por metro quadrado - mais que o dobro do que o cobrado no Centro de BH, por exemplo. 

Apesar do avanço imobiliário, dezenas de lojas estão vazias e ainda disponíveis para aluguel - Foto: Fred Magno / O TEMPO

“Os proprietários de imóveis para a área residencial querem um valor alto para a ocupação e os negócios que muitas vezes são menores não suportam. Se não fizer um aluguel moderado, para que as empresas possam vir atender a demanda, elas vão procurar outros lugares para fazer serviços e não vai ter essa movimentação ali”, garantiu Souza, que também cita a condição de calçadas e o alto número de pessoas em situação de rua como empecilhos à atividade. 

O uso de painéis de LED para publicidade, semelhante ao utilizado na Times Square, em Nova York, é uma alternativa citada pela CDL para fomentar ainda mais a ocupação comercial da Savassi. A proposta já tem aprovação para ser instalada na praça Sete e, conforme O TEMPO mostrou, o desejo dos lojistas é que o modelo seja aprovado para a praça Diogo de Vasconcelos, gerando mais movimentação à região.


Praça Diogo de Vasconcelos, em que a CDL deseja levar painéis de LED - Foto: Flávio Tavares/ O TEMPO

"A gente tem que entender que aquelas quatro esquinas já são propícias, têm grandes lojas”, disse o presidente da CDL, Marcelo de Souza, ao defender a instalação entre as avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo e ruas Pernambuco e Antônio de Albuquerque. 

Novidades 

Apesar do aluguel caro, novos estabelecimentos chegam à Savassi e registram bons resultados. Sócia e diretora de comunicação da rede ‘A Granel’, Cecília Ramirez está à frente do Berilo Cozinha & Drinks, na Fernandes Tourinho. A casa foi inaugurada em 2022.

“Fizemos um investimento significativo, mas um investimento que teve retorno acima do que de fato esperávamos. E no movimento de Berilo, vieram vários outros estabelecimentos”, citou ela, ao detalhar uma concorrência acirrada com a diversidade de bares e restaurantes. 

Cecília Ramirez, do Berilo, celebra os bons resultados e, também, a concorrência no setor - Foto: Flávio Tavares / O TEMPO

A maior demanda, na avaliação dela, está nas ruas Levindo Lopes, Sergipe e Fernandes Tourinho, com a visita de clientes de todas as regiões da cidade, não só da Savassi. A casa abre para almoço e à noite e aposta em carta de drinks autorais, cardápio gastronômico diversificado, além de DJ 's na programação.

“Temos uma quantidade muito grande de bares e restaurantes, o que acho positivo. A concorrência é salutar porque traz benefícios. Se o bar da esquina está cheio, por exemplo, e o meu tem lugares disponíveis, o cliente acaba circulando e eu recebo essa demanda aqui”, completou Ramirez. 

Gastronomia e história 

Com unidades no Floresta e em Lourdes, o Copa Cozinha inaugurou, em janeiro, uma unidade da Savassi. A sócia-fundadora, Maíra Sette, explicou que a escolha pelo endereço, na rua Paraíba, tem ligação com a identidade cultural do bairro. “É um ponto de encontro para diferentes gerações e estilos de vida”, disse. O local escolhido foi um casarão histórico, construído em 1896. 


“Reflete a transição da Vila Rica para a nova capital e possui uma arquitetura eclética belíssima, com elementos que representam a modernidade do período. Queríamos que a Copa Cozinha estivesse em um espaço que, além de ser aconchegante e acolhedor, trouxesse consigo toda a riqueza histórica de Belo Horizonte, alinhada ao nosso compromisso de preservar a memória gastronômica e cultural da cidade”, completou. 

Os resultados nos primeiros meses de operação têm sido satisfatórios, garantiu a sócia. “A movimentação tem sido muito positiva e está dentro das nossas expectativas. A Savassi é, sem dúvida, uma região estratégica, que atrai tanto moradores locais quanto turistas. A proximidade de comércios, restaurantes e centros culturais faz da Savassi um ponto de encontro natural para as pessoas. Sentimos que nosso conceito de resgatar as tradições gastronômicas de Minas, dentro de um ambiente histórico e acolhedor, tem sido bem recebido pelo público, criando um fluxo constante de visitantes que compartilham da nossa paixão por comida e história”, finalizou.