O preço do etanol está mais competitivo em relação à gasolina. De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o combustível à base de cana-de-açúcar em Minas Gerais está custando 69% do preço da gasolina - conforme especialistas, abaixo de 70% é mais vantajoso abastecer com álcool.

Conforme apurado pela ANP, o preço médio do etanol vendido nas bombas no Estado fechou a última semana, de 6 a 12 de abril, em R$ 4,26, enquanto a gasolina fechou em R$ 6,16.

A manutenção dessa competitividade, no entanto, ainda é uma incógnita. Historicamente, na abertura da safra de cana-de-açúcar, o preço do etanol tende a cair com o alto volume de combustível disponível nas bombas. O evento que marca o início da produção sucroenergética em Minas Gerais acontece no próximo dia 25 de abril, promovido pela Associação da Indústria Sucroalcooleira de Minas Gerais, Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Minas Gerais e Sindicato da Indústria da Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais (Siamig Bioenergia). O Estado representa mais de 11% da produção nacional de cana-de-açúcar.

De acordo com o presidente da Siamig Bioenergia, Mário Campos, a questão dos preços do combustível, porém, vai depender de uma série de variáveis, como questões ligadas ao petróleo e seus derivados, que interferem nos preços de combustíveis como um todo. “Vai depender muito da dinâmica do petróleo”, diz. O presidente cita, por exemplo, a guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos. “A percepção de que o mundo pode entrar em uma recessão em função da guerra comercial tem feito com que os preços do petróleo apresentem queda significativa. A gente pode ver reduções de preços de derivados, e isso prejudica a dinâmica”, diz. 

Produção do etanol em Minas

O presidente pontua que, neste ano, deve haver uma queda de cerca de 6 milhões de toneladas na produção de cana-de-açúcar devido às condições climáticas que afetaram o Estado, com longo período de seca e, depois, chuvas abaixo da média e de forma irregular. “A produção ano passado foi de 83 milhões de toneladas, recorde histórico do setor. Neste ano, nossa expectativa é de uma quebra de produção de no mínimo 6 milhões de toneladas de cana a menos, e isso vai afetar a nossa produção de etanol”, estima.

A queda, porém, não deve significar necessariamente impacto negativo na produção nacional de etanol, já que, segundo Mário Campos, a produção do combustível a partir do milho tem crescido bastante. Hoje, do etanol produzido no Brasil, aproximadamente 77% vem da cana-de-açúcar e 23% vem do milho, segundo Mário Campos. Minas só produz etanol de cana.

Sobre as discussões acerca do etanol anidro, o presidente tem boas expectativas acerca da decisão. “A expectativa do setor é que a gente possa ter a mistura dos 30% com a gasolina ainda no primeiro semestre", diz.