Oficialmente, o feriado de Corpus Christi, nesta quinta-feira (19/06), não é prolongado. Ainda assim, o setor hoteleiro em Minas Gerais espera uma alta ocupação de quartos de quinta a domingo (22/06) e aposta em diferentes estratégias para fisgar os clientes mesmo em um momento de frio e inflação da hospedagem.

A Associação Mineira de Hotéis de Lazer (Amihla) espera que a ocupação alcance a média de 90%. “A tendência é que ela cresça de 22% a 25% no feriado, em comparação a um período habitual. Em alguns hotéis, por algumas estratégias, será maior”, pontua o presidente da Amihla, Alexandre Santos.

Os hotéis concorrem com as festas juninas e festividades regionais neste período, pondera Santos. Mas elas também são um trunfo dos próprios hotéis, que realizam seus arraiais privados. “Em geral, eles criam seus atrativos, como festa junina, refeições tematizadas, tudo bem divulgado”, prossegue o presidente da Amihla.

No Hotel Vale do Amanhecer, em Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, a festa junina só ocorre em julho, durante todo o mês, como uma estratégia para atrair as famílias que, em junho, ocupam-se com as festas escolares. Para o feriado de Corpus Christi, uma das proprietárias do hotel, Flávia Alvarenga do Carmo, aposta que o frio será um atrativo e não um obstáculo. “Às vezes, as pessoas têm preconceito de ir a hotéis de lazer no frio. Nós temos piscinas aquecidas, então durante o dia dá para usar. Mas apostamos muito no que não fazemos no verão e no calor, como tomar muito caldo, conversar ao pé da fogueira e espaço coberto para crianças”, conta ela. De seus 35 quartos, restam quatro para reserva.

Hospedagem aumenta acima da inflação

A eventual impressão de que a diária dos hotéis está cada dia mais cara é comprovada pelos números. Nacionalmente, o valor da hospedagem aumentou 11,28% em um ano, de acordo com dados de maio levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta é mais do que o dobro da inflação geral do período, de 5,32%.

“Nos últimos dois anos, tivemos um aumento considerável de custos de operação e mão de obra, um acréscimo de preço enorme. O consumidor final sente, mas a maioria dos hotéis não fez o repasse integral”, acrescenta o presidente da Amihla.

O consultor hoteleiro Maarten Van Sluys reforça que o setor vive uma trajetória de alta. “Considerando os últimos três anos, registramos um aumento de cerca de 45% dos valores de pacotes para datas especiais. Isso se explica pelo crescimento da demanda e o aumento das passagens aéreas, que puxa o orçamento de viagens mais distantes para cima e permite o crescimento também dos valores das viagens rodoviárias. Some-se a isso o significativo aumento de custos com mão de obra, serviços e insumos que pressionam os hoteleiros.

O aumento também vai ao encontro da tendência de hotéis com um leque de serviços mais amplo em Minas, na perspectiva dele. "A ideia dos donos de pousadas e hoteis de lazer é agregar mais e melhores serviços e, consequentemente, cobrar mais por isso. O turismo em Minas Gerais deseja elevar seu patamar”, conclui o consultor.