A Câmara de Comércio dos Estados Unidos criticou, nesta terça-feira (15/07), a sobretaxa de 50% aplicada pelo governo de Donald Trump às exportações brasileiras. Em nota conjunta com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), empresários norte-americanos alertaram para um prejuízo que pode atingir quase 10 mil empresas. Estas companhias dependem de insumos ou investem diretamente no mercado brasileiro. 

No documento, as duas entidades instam os governos de Trump e Lula (PT) a buscarem “negociações de alto nível” para evitar a implementação dessa tarifa de 50%, que classificam como “prejudicial”. A taxa, caso não haja mudança no cenário atual, está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. As entidades criticaram, em nota: “Impor tais medidas em resposta a tensões políticas mais amplas corre o risco de causar danos reais a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos e estabelece um precedente preocupante”, diz o texto.  

A Câmara de Comércio dos EUA alerta que a tarifa de 50% proposta por Trump pode ter um impacto significativo. Ela afetaria produtos essenciais para as cadeias de suprimentos e os consumidores norte-americanos, além de elevar os custos para as famílias e reduzir a competitividade de indústrias-chave no país. As entidades calculam que mais de 6.500 pequenas empresas nos EUA dependem de produtos importados do Brasil. Outras 3.900 empresas americanas investem diretamente no país. 

Segundo os empresários, o Brasil figura entre os 10 principais mercados para as exportações dos EUA, sendo o destino de quase US$ 60 bilhões em bens e serviços americanos anualmente. A nota reforça que “uma relação comercial estável e produtiva entre as duas maiores economias do Hemisfério beneficia os consumidores e sustenta empregos e a prosperidade mútua”. 

Por fim, as duas entidades afirmaram estar prontas para apoiar esforços em busca de uma solução negociada, pragmática e construtiva, que garanta a “continuidade do comércio mutuamente benéfico”.

Negociações 

O posicionamento da Câmara de Comércio dos EUA ocorre em meio ao início dos trabalhos de um comitê encabeçado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), com participação de empresários brasileiros. O grupo busca a retirada da taxa de 50% ou, ao menos, prolongar o prazo de início da cobrança. 

Em reunião na manhã desta terça, Alckmin afirmou que o governo vai buscar a negociação com tranquilidade, mas sem interferir em outros poderes da República, como sugeriu Trump ao criticar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Alckmin classificou as medidas norte-americanas como inadequadas e pediu a colaboração dos empresários brasileiros. "É importante a participação de cada um de vocês, nas suas áreas específicas, para fazermos um trabalho em conjunto. O governo brasileiro está empenhado em resolver essa questão e queremos ouvir as sugestão de cada um de vocês", destacou o vice-presidente.

*Com informações de Agência Brasil