Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto, diversos setores têm se organizado para debater o tema e encontrar soluções. Nesta sexta-feira (18/7), foi a vez de o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) se reunir com membros do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) em Brasília (DF).

Raul Jungmann, diretor-presidente do Ibram, defendeu uma negociação "firme e diplomática" com os EUA e alertou para o risco de uma possível "reciprocidade tarifária", o que causaria mais dificuldades à mineração brasileira. Segundo ele, uma possível retaliação poderia elevar os custos em US$ 1 bilhão por ano. 

"Isso impactaria a importação de máquinas, principalmente a aquisição de equipamentos de maior porte, tais como caminhões acima de 100 toneladas de capacidade de carga, escavadeiras e carregadeiras para estes caminhões, moinhos e outros equipamentos de grandes dimensões", alertou.

Risco para balança comercial

Segundo o Ibram, o tarifaço pode influenciar o comportamento da balança comercial brasileira, pois o saldo entre importações e exportações de minérios (saldo mineral de US$ 34,95 bilhões) representa 47% do saldo comercial total do Brasil (US$ 74,55 bilhões), conforme dados de 2024. 

Geraldo Alckmin disse que pretende negociar com os EUA ao menos uma extensão do prazo para a entrada em vigor do tarifaço e que vai se reunir de forma online com mineradoras associadas ao Ibram, responsáveis por mais de 85% da produção mineral, na próxima segunda-feira (21/7).

Segundo Fernando Azevedo, vice-presidente do Ibram, o encontro servirá para aprofundar a análise da situação em conjunto com a iniciativa privada sobre os impactos esperados do tarifaço na indústria da mineração.

“O setor mineral brasileiro é parceiro global em uma economia justa e aberta, e espera que as relações comerciais sejam baseadas na previsibilidade, no diálogo e no respeito mútuo”, diz.

Minério exportados para os EUA

Na audiência, Raul Jungmann e Fernando Azevedo entregaram a Alckmin documentos com informações, estatísticas e análises técnicas que apresentam um amplo panorama da indústria da mineração brasileira (faturamento, investimentos, tributos arrecadados, empregos, exportações, etc) e a situação da corrente de comércio de minérios entre Brasil e EUA.

Os principais produtos minerais exportados pelo Brasil aos EUA são as pedras ornamentais, com US$ 711 milhões (46,5% das exportações para os EUA), minério de ferro (25,7%), ouro semimanufaturado (25,7%) e nióbio (10,6%). Estes serão os produtos mais impactados.

Segundo Raul Jungmann, “os valores de exportação e importação de minérios na corrente de comércio Brasil-EUA reforçam que há um saldo positivo para os Estados Unidos nesta balança, com importação no valor de US$ 1,58 bilhão, com a exportação de US$ 1,52 bilhão, resultando em um saldo positivo para os EUA”.

Em 2024 foram 4 milhões de toneladas de minérios exportadas para os EUA, equivalente a 3,5% das exportações minerais brasileiras. De acordo com os dados apresentados pelo Ibram, as importações de minerais pelo Brasil em 2024 foram provenientes principalmente dos Estados Unidos, com 19,8% do total, seguidas pela Rússia, com 16%, Austrália com 13,3% e Canadá com 12,2%.

Exportações de minérios brasileiros e importações

Em 2024, foram cerca de 400 milhões de toneladas de produtos do setor mineral exportados pelo Brasil para vários países, representando um aumento de 2,6% em relação a 2023, totalizando aproximadamente US$ 43,4 bilhões, com aumento de 0,9%. O minério de ferro foi responsável por 68,7% das exportações.

A China foi o principal destino das exportações minerais brasileiras em 2024: para esse país foram destinadas 69,7% das exportações em toneladas. No ano passado, as importações minerais caíram 23,1% em US$ (totalizando US$ 8,5 bilhões) e 1,6% em toneladas (totalizando 41,2 milhões de toneladas).