O banqueiro Daniel Vorcaro, do Banco Master, colocou à venda no mercado um novo conjunto de ativos contendo precatórios, direitos creditórios de ações judiciais, a seguradora Kovr e ações de empresas. De acordo com interlocutores do banqueiro, ouvidos pela Folha, a venda desses ativos já está em execução.
O desenho da operação de aquisição do Master pelo BRB (Banco de Brasília), anunciado em março, já deixava de fora o banco Voiter, o Banco Master de Investimento e a seguradora Kovr.
A venda da seguradora já estava na estratégia do negócio com o BRB porque o banco do governo do Distrito Federal já tem outro canal de seguradora próprio e haveria conflito de interesses, segundo uma pessoa que participa da negociação. Na semana passada, o Banco Central aprovou um aumento de capital de R$ 1 bilhão do Master. Procurado, Vorcaro não respondeu até o momento da publicação da reportagem.
A injeção de R$ 2 bilhões de capital foi uma das exigências feitas para a aquisição do Master pelo BRB (Banco de Brasília), ainda em análise pelo BC. É uma das condicionantes incluídas nos termos do acordo, conforme o comunicado feito à época ao mercado.
Em maio, Vorcaro fechou com o BTG Pactual, de André Esteves, a venda de ativos no valor de cerca de R$ 1,5 bilhão. O BTG afirmou em comunicado ao mercado que o negócio incluiu ações de empresas como Light (15,17% do capital social) e Méliuz (8,12% do capital social), por meio da cessão de cotas de fundos de investimento. A negociação também envolveu precatórios e imóveis como o prédio do Hotel Fasano, em São Paulo.
A aquisição do Master pelo BRB foi anunciada em 28 de março. A operação provocou discussões entre o BC e os principais bancos do país e despertou preocupação entre parlamentares do Distrito Federal.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, uma nova proposta do BRB, apresentada em julho ao BC, previu a compra de um terço do Master. A proposta envolve a aquisição de R$ 25 bilhões em ativos, cerca de metade do plano do BRB anunciado inicialmente ao mercado financeiro.
Com a definição da fatia do Master que o BRB vai comprar, sobe para cerca de R$ 48 bilhões o conjunto de ativos remanescentes que não seriam adquiridos pelo banco do governo do Distrito Federal. Essa fatia da instituição, com ativos de melhor qualidade, ficou conhecida como "bad bank" (banco ruim). A parte a ser adquirida pelo BRB foi chamada de "good bank" (banco bom).
Nas negociações, o próprio BC pediu que Vorcaro não fizesse parte do grupo de controle da instituição gerada pelo negócio, de acordo com pessoas ouvidas pela reportagem. Essa também é uma das demandas das maiores instituições financeiras que contribuem para o FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
O FGC já liberou em maio uma linha de crédito para garantir o fluxo de pagamento de R$ 4 bilhões de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) do Master. Nessa negociação, Vorcaro colocou bens pessoais como garantia, outra demanda de grandes bancos, uma medida considerada punitiva pelas operações de alto risco feitas pelo dono do Master com recursos captados via CDBs, que têm garantia do fundo.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, aprovação da compra de parte do BRB pelo Master, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, Renato Gomes, tem manifestado resistência desde o início do anúncio da operação, a leitura dos negociadores é que há apoio de outros diretores à autorização do negócio com a redução do perímetro.
Uma pessoa envolvida na análise pelo BC da operação disse à reportagem que seja qual for a decisão haverá consenso na diretoria da instituição.