O percentual de lares alugados seguiu em trajetória de alta no Brasil, passando de 22,3% em 2023 para 23% em 2024, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A proporção mais recente é a maior de uma série histórica iniciada em 2016, quando o patamar era de 18,4%. O número de domicílios alugados foi estimado em 17,8 milhões em 2024.

Os 17,8 milhões de imóveis abrigavam 46,5 milhões de pessoas no Brasil. Isso equivale a 21,9% da população total estimada no ano passado. O número absoluto e o percentual de pessoas vivendo em aluguel também alcançaram os maiores níveis da série. A proporção estava em 21,2% em 2023 e em 17,2% em 2016.

O número de 46,5 milhões de pessoas morando de aluguel supera a população total estimada no estado de São Paulo em 2024 (46 milhões). O contingente cresceu em torno de 32,7% se comparado a 2016, quando estava em 35 milhões. Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

Um reflexo do avanço do aluguel é a perda de participação dos domicílios próprios. Os lares próprios e já pagos passaram de 62,5% do total em 2023 para 61,6% em 2024. A proporção mais recente é a menor da série. O patamar era de 66,8% em 2016.

Já o percentual de domicílios próprios ainda em fase de pagamento respondeu por 6% do total no ano passado. Houve estabilidade ante 2023 (6%) e leve redução frente a 2016 (6,2%).
O número total de lares próprios (já pagos ou em pagamento) foi de 52,3 milhões em 2024. Um contingente de 146,2 milhões de pessoas vivia nesses locais, redução de 2,9% ante o início da série, em 2016 (150,6 milhões).

William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE, disse que o resultado sinaliza uma "carência" de políticas para a compra da casa própria no Brasil. Segundo ele, a queda do percentual de domicílios próprios também pode ser um indício de concentração de patrimônio. "Se não se cria oportunidade para a população adquirir o seu imóvel, e a pessoa continua querendo a sua independência, como faz isso sem conseguir comprar um bem? Tem de partir para o aluguel", afirmou o pesquisador.

Em 2024, Centro-Oeste seguiu com o maior percentual de moradores em domicílios alugados (29,8%). A região é conhecida pelo potencial do agronegócio, que ganhou relevância na economia brasileira, atraindo migrantes. A menor parcela de habitantes em lares alugados continua sendo a do Norte (15,3%).

Apartamentos ganham espaço 

O IBGE também destacou que os apartamentos estão ganhando participação em relação ao total de domicílios no Brasil. Esses imóveis chegaram a 15,3% do total de moradias em 2024. Foi a primeira vez que a parcela ultrapassou 15% na série histórica.
No sentido contrário, as casas vêm perdendo espaço. Representaram 84,5% do total de domicílios no ano passado, o menor patamar da série.

Segundo Kratochwill, o movimento faz parte da concentração urbana no país. Nesse sentido, o pesquisador disse que as pessoas querem viver perto do trabalho e de serviços nas cidades, mas o território é limitado. O resultado, apontou o técnico, é a construção de prédios.

Ele também citou questões relacionadas à violência. "Os condomínios buscam aumentar a segurança, dando também uma infraestrutura de lazer. Tudo isso incentiva a construção de apartamentos em detrimento de casas."