Nessa quinta-feira (21/8), parlamentares do Distrito Federal solicitaram que a Polícia Federal (PF) abra um inquérito para investigar possíveis crimes financeiros atribuídos à gestão do Banco Master e apontados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O pedido foi formalizado durante reunião com o diretor-executivo da PF, William Murad, e contou com a presença da deputada federal Erika Kokay (PT-DF) e dos deputados distritais Gabriel Magno e Chico Vigilante, também do PT.
Em publicação no Instagram, os parlamentares explicaram o motivo do pedido: “Estivemos na Polícia Federal para protocolar representação solicitando a investigação das graves denúncias contra o Banco Master atribuídas a relatório da Comissão de Valores Mobiliário (CVM). Segundo o relatório, há indícios da prática de crime financeiro pela direção do Banco Master que pode comprometer a solidez da instituição. Caso a compra do Banco pelo BRB seja concretizada, há um risco concreto de que os prejuízos resultantes das atividades ilegais eventualmente praticadas pelos dirigentes do Banco Master tenham que ser suportados pelo BRB, ou seja, pelos recursos dos correntistas do Banco de Brasília e dos contribuintes do DF.”
No documento enviado à PF pelos parlamentares, e que também será encaminhado ao Banco Central (BC) e à Procuradoria-Geral da República, constam detalhes da investigação. O Banco Master estaria sendo alvo de uma averiguação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por suspeita de crimes financeiros. A instituição teria feito investimentos milionários fraudulentos para inflar o patrimônio e permitir o aporte de recursos a empresas laranjas. Uma delas seria, inclusive, da irmã de Daniel Vorcaro, controlador do banco.
As investigações dão conta de um investimento de mais de R$ 2,1 bilhões em empresas que não teriam capacidade econômica para dar retorno aos investimentos. A principal suspeita está em uma clínica localizada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O local, que teria uma receita operacional de apenas R$ 54 mil ao ano, teria recebido aportes de R$ 361 milhões.
A ação investigativa teria apontado ainda que as operações podem ter inflado artificialmente o patrimônio do banco, uma forma de torná-lo mais atrativo em uma negociação no mercado. Vale pontuar que o Banco Master passa por um processo de venda de ativos para o Banco de Brasília (BRB), o que ainda está em análise no Banco Central.
A reportagem procurou a CVM, que respondeu, por meio de nota, que “não comenta casos específicos”. A equipe de O TEMPO também tentou entrar em contato com a clínica de saúde citada na investigação, mas os contatos disponibilizados no site da empresa apresentam erros ou não atendem.
Procurado, o Banco Master não se manifestou até a publicação deste conteúdo.
Venda de ativos
Na última quarta-feira (20/8), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, sancionou o aval da Câmara Legislativa à compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). Nesta sexta-feira (22/8), o BRB informou que, com a conclusão do negócio com o Banco Master, serão acrescidos ao seu resultado nos próximos cinco anos cerca de R$ 1,5 bilhão, permitindo chegar a mais de R$ 2 7 bilhões em 2029.
Em março deste ano, o BRB anunciou a intenção de adquirir ativos do Banco Master em uma transação avaliada em R$ 2 bilhões. O BRB ficaria com 58% do capital total e 49% das ações ordinárias do Master. A transação ainda está em análise no Banco Central. Em junho, a Justiça do Distrito Federal chegou a impedir a assinatura do contrato definitivo para compra dos ativos. Apesar de impedir a assinatura definitiva da compra, o juiz liberou a tramitação dos atos necessários e preparatórios para concretização do negócio.
O negócio é considerado polêmico. O Banco Master tem uma política agressiva para captar recursos, oferecendo rendimentos de até 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), usando o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) como garantia, a quem compra papéis da instituição financeira. Uma porcentagem muito acima das taxas médias para bancos pequenos, que giram em torno de 110% a 120% do CDI.
Enquanto isso, banqueiro Daniel Vorcaro, do Master, está negociando uma segunda linha com o FGC em um valor entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões para dar cobertura a vencimentos de Certificado de Depósito Bancário (CDBs) após a conclusão da análise e aprovação da operação de venda ao BRB.
Aliás, Vorcaro tem colocado à venda diversos ativos. Recentemente, o banqueiro colocou à venda no mercado um novo conjunto de ativos contendo precatórios, direitos creditórios de ações judiciais, a seguradora Kovr e ações de empresas.
Com informações da Folhapress e Estadão Conteúdo