As exportações de calçados da indústria brasileira aos Estados Unidos despencaram quase 18% em agosto, mês em que entrou em vigor a tarifa adicional de 40% imposta pela Casa Branca ao Brasil. A taxa se somou à alíquota base, de 10%, estabelecida a todos os países e representa, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), um obstáculo às negociações do setor. 

Em agosto, a entidade contabilizou uma redução de 17,6% no número de pares embarcados aos Estados Unidos, enquanto a receita gerada pelos negócios caiu 1,4%. O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, garantiu que os resultados foram impactados pelo tarifaço, que entrou em vigor em 6 de agosto. Ferreira ponderou que a partir de setembro, quando o setor enfrentará um mês inteiro de taxas adicionais, o cenário deve se agravar. 

“O tarifaço imposto pelos Estados Unidos, país que responde por mais de 20% do total gerado pelas exportações brasileiras de calçados, já foi sentido em agosto. Em setembro, quando teremos um mês inteiro de vigência da tarifa adicional, esse revés deve ser ainda maior”, projetou Haroldo Ferreira. Se considerado todo o fluxo comercial no mês, o setor calçadista observou uma queda de 0,5% no volume de pares exportados em agosto, resultando em uma receita 9,1% menor, em comparação ao mesmo período de 2024. 

A preocupação com o freio no envio de mercadorias a outros países é ampliada com o aumento nas importações de calçados chineses no mercado brasileiro, de acordo com Haroldo Ferreira. “Com a tarifa aplicada pelos Estados Unidos contra os produtos chineses, os produtores daquele país vêm escoando seus excedentes em outros mercados, inclusive no brasileiro, com preços muito baixos”, explicou o presidente-executivo da Abicalçados. 

A situação, segundo ele, gera um desequilíbrio concorrencial no mercado doméstico brasileiro, trazendo prejuízos à indústria nacional. Em agosto, entraram no Brasil 492 mil pares chineses, pelos quais foram pagos US$ 3,7 milhões, incrementos tanto em volume (+41,5%) quanto em receita (+67,2%) em relação ao mesmo mês de 2024. Já no acumulado do ano, as importações chinesas somaram 8,45 milhões de pares e US$ 31,18 milhões, aumentos em pares (+9%) e em valores (+14,1%) em relação ao mesmo ínterim do ano passado.