O setor calçadista brasileiro estima que 20 mil empregos poderão ser eliminados com efeitos diretos do tarifaço de Donald Trump, que entrou em vigor nesta quarta-feira (6/8). O anúncio foi feito pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A entidade afirma que 80% das empresas exportadoras relataram que terão impactos em decorrência da taxa de 50% às exportações brasileiras.
Para evitar a onda de demissões, o setor diz que espera uma solução para o impasse entre os dois países. A curto prazo, o cálculo é que 8 mil empregos diretos possam ser perdidos. Mas se considerados todos os postos de trabalho gerados no setor por fornecedores de materiais e lojas do varejo, o número sobe a 20 mil. “Estimamos, nos próximos 12 meses, uma queda de 9% nas exportações, queda que será puxada pelos Estados Unidos”, calcula o presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
Ele ressalta que o impacto direto sobre empregos e exportações reforça a necessidade de medidas de caráter emergencial em proteção ao setor calçadista nacional. ““Entre os impactos já relatados há atrasos ou paralisação em negociações, queda do faturamento em decorrência da medida e cancelamento de pedidos, parte, inclusive, já produzidos ou em produção”, alerta.
Historicamente, o principal destino internacional do calçado brasileiro, os Estados Unidos respondem por mais de 20% do valor total gerado pelas exportações do setor, segundo a Abicalçados. Apesar do cenário internacional adverso, a associação diz que o setor vinha, ao longo do ano, recuperando as exportações de calçados aos Estados Unidos.
No primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou 5,8 milhões de pares de calçados àquele país, 13,5% mais do que no mesmo intervalo de 2024. “Com a sobretaxa de 50% o ciclo será interrompido, com efeitos econômicos e sociais importantes para o Brasil”, crava a Abicalçados.