PROJEÇÕES

5G e roubos não impactam e mercado reduz expectativa de vendas de celulares

Previsão de crescimento para as vendas de aparelhos, em 2022, é de 1,2% no Brasil; percentual, no final de 2021, era de 5%

Por Simon Nascimento
Publicado em 08 de agosto de 2022 | 18:49
 
 
 
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A chegada do 5G no Brasil e o alto número de furtos e roubos a smartphones - cerca de 2,3 mil ocorrências por dia -, não devem alavancar as vendas de celulares no país em 2022. Projeção feita pelo IDC Brasil, empresa líder de inteligência de mercado, reduziu de 5% para 1,2% o crescimento na comercialização dos aparelhos neste ano. 

Os percentuais levam em consideração o número total de 45,8 milhões de dispositivos que foram vendidos em 2021, conforme levantamentos feitos pela IDC. Os fatores que atrapalham a busca pelos aparelhos passam pela dificuldade de aquisição e alto custo de semicondutores. Além disso, os fretes para trazer os componentes da Ásia também estão mais caros, em função da instabilidade no cenário econômico internacional.

A combinação, segundo o gerente de Pesquisa e Consultoria da IDC, Reinaldo Sakis, causa outro problema: o alto custo dos smartphones e demais eletrônicos. Para ele, nem mesmo o alto número de registros de roubos e furtos de celulares no Brasil deve impactar as vendas. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou 847.313 ocorrências do tipo no ano passado. 

A reportagem pediu ao Ministério da Justiça e Segurança Pública dados atualizados das ocorrências no Brasil neste ano, mas o órgão afirmou que não dispõe dos dados solicitados. “A gente vê um produto mais caro, alguma falta de componente ainda acontecendo e influenciado as vendas, mas principalmente o brasileiro não tem mais tanta renda disponível para comprar aparelhos”, explicou Sakis. 

O representante da IDC ainda afirma que mesmo em alto preço, a população prioriza aparelhos novos na hora de trocar o telefone. A compra de seminovos representa, conforme a IDC, menos de 10% das comercializações. “Cada vez mais o mercado de seminovos está ficando mais estruturado. Se a gente for olhar 2019, 2020, a gente sabia de empresas pequenas, pouco capitalizadas, que faziam compra e venda de seminovos. Hoje temos até empresas de capital aberto, bem estruturadas, com possibilidade de atender bem a população”, detalha. 

Indústria aumenta oferta de aparelhos 5G

Tecnologia recém-chegada ao Brasil, o 5G também não deve resultar em mais vendas de celulares no Brasil, conforme a IDC. A empresa afirma que deve dobrar o número de aparelhos adaptados à nova tecnologia que estão disponíveis nas lojas aos consumidores neste ano, em comparação com o ano passado. 

No entanto, os custos, geralmente acima de R$ 2 mil, devem dificultar a troca. “Os smartphones adaptados ao 5g já baixaram de preço desde o ano passado, mas a participação no mercado ainda é muito pequena. Se a gente for olhar as expectativas até o final do ano com relação à disponibilidade de produtos, a gente tem uma expectativa bem otimista. Mas as vendas não acompanham na mesma proporção”, destaca Reinaldo Sakis. 

O cenário contrasta com a cultura observada no país, conforme o representante da IDC. No país, explica Reinaldo, é comum a substituição dos aparelhos para atualização às novas tecnologias. “Normalmente as pessoas querem mais memória, observam tamanho da tela, buscam uma câmera melhor. O impulso maior para a compra é a evolução tecnológica, sem dúvida. E o que é interessante para a indústria é que normalmente o usuário entende que vai pagar mais caro por isso”, ressalta. 

Indústria

Balanço divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) na semana passada mostra que, no primeiro semestre, a produção industrial no setor eletroeletrônico no Brasil caiu 8,7%, se comparado com o mesmo período de 2021. 

Mesmo ainda aquém, o resultado apresenta uma melhora, já que no primeiro trimestre o recuo observado foi de 12,9%. “Ao avaliar o resultado no acumulado do 1º semestre de 2022, nota-se que a retração da produção da indústria eletroeletrônica resultou do recuo de 14,6% da área elétrica e da queda de 1,9% da área eletrônica”, explica a Abinee. 

A retração observada da área elétrica resultou das quedas na produção de lâmpadas e outros equipamentos de iluminação (-24,9%), eletrodomésticos (-24,2%), pilhas e baterias (-20,3%) e equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica (-15,2%).

Por outro lado, foram observados crescimentos na produção de geradores, transformadores e motores (+0,4%) e de outros equipamentos elétricos (+7,7%). No caso da área eletrônica, os principais destaques foram os incrementos na produção de componentes eletrônicos (+17,5%), bens de informática e periféricos (+9,9%) e equipamentos de comunicação (+2,7%).

Por outro lado, foram registradas quedas na produção de aparelhos para áudio e vídeo (-12,6%) e de instrumentos de medida (-10,2%), que prejudicaram o resultado total do segmento eletrônico.

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