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ArcelorMittal compra divisão de siderurgia da Votorantim

Incorporação de três unidades produtivas fortalece grupo belgo-indiano no setor de aços longos

Por Ludmila Pizarro
Publicado em 23 de fevereiro de 2017 | 19:47
 
 
 
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A belgo-indiana ArcelorMittal divulgou nessa quinta-feira (23) um acordo para comprar a parte de siderurgia da brasileira Votorantim e assim vai controlar as plantas de aços longos de Resende e Barra Mansa, no Rio de Janeiro, e 50% das ações da laminadora Sitrel, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Com a compra, a produção de aço bruto da Arcellor passa de 3,8 milhões de toneladas métricas por ano para 5,6 milhões de toneladas, um incremento de 47,36% na produção. Na parte de laminação, o crescimento é de 45,94%, passando de 3,7 milhões de toneladas métricas por ano para 5,4 milhões de toneladas. A ArcelorMittal já mantém outras plantas em João Monlevade, Juiz de Fora e Itaúna, em Minas, além de Cariacica (ES) e Piracicaba (SP).

A Votorantim Siderurgia passa a ser uma subsidiária da ArcelorMittal e a Votorantim terá uma participação minoritária no capital da ArcelorMittal Brasil. O valor da negociação não foi revelado e o acordo está sujeito à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Até a conclusão da operação, a ArcelorMittal Brasil e Votorantim Siderurgia irão operar de forma separada e independente.

“Uma vez que a transação seja aprovada pelo Cade e as demais condições necessárias para o fechamento sejam cumpridas, a Votorantim Siderurgia passa a ser uma subsidiária integral da ArcelorMittal Brasil, que terá a gestão de todas as unidades mencionadas. Nesse caso, a ArcelorMittal acredita que haverá ganhos substanciais de produtividade decorrentes de sinergias operacionais, industriais e de logística”, diz o CEO da ArcelorMittal Aços Longos Américas do Sul, Central e Caribe, Jefferson De Paula.

Para o analista em investimentos da Upside Investor, Pedro Galdi, “a ArcelorMittal aproveitou uma oportunidade para adquirir ativos que estavam disponíveis no mercado”, afirma. Segundo fontes, a família controladora do grupo Votorantim já pretendia sair do mercado de siderurgia há três anos.

“Não é um momento bom para o mercado, porque temos uma produção grande, o que afeta o preço do produto”, diz Galdi. O analista, porém, pondera que o investimento focou na retomada da economia brasileira. “A economia está reaquecendo e os projetos de estrutura vão precisar de aço. Com a compra, a ArcelorMittal terá mais chance de atuar nesses projetos e aumentar sua participação no mercado brasileiro”, avalia.

O CEO da empresa afirma que a empresa está “confiante na retomada da economia brasileira”. “Acreditamos que esse acordo, caso aprovado pelo Cade, trará ganhos relevantes ao aumentar nossa competitividade e a capacidade de servir clientes”, afirma De Paula.

Para Galdi, porém, a compra não tira a liderança da Gerdau, empresa de capital brasileiro e que é a maior produtora de aços longos no país, com 15,6 milhões de ton por ano. “É uma briga entre grandes. No Brasil, a Gerdau ainda produz mais aço, mas no mundo, a ArcellorMittal é incomparável”, diz. A multinacional indiana é líder de aço e de mineração do mundo, com presença em 60 países.

Investimento fora. O acordo entre a ArcelorMittal e a Votorantim não envolve as atividades de aço longo que a Votorantim mantém na Argentina (Acerbrag) e na Colômbia (PazdelRio).

Gerdau tem prejuízo em 2016

São Paulo. A Gerdau reportou um prejuízo líquido R$ 2,885 bilhões em 2016, ante uma perda de R$ 4,596 bilhões em 2015. Mesmo com o resultado ruim, a expectativa da Gerdau é de melhora da demanda em todas as regiões atendidas pela companhia, conforme o presidente da companhia, André Gerdau Johannpeter.

Os investimentos da Gerdau neste ano deverão somar R$ 1,3 bilhão, o mesmo montante do ano passado.


Expectativa

Sindicato prevê salários melhores

A notícia da compra da Votorantim Siderurgia no Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Resende – RJ, onde está uma das plantas que serão absorvidas pela ArcelorMittal, foi bem recebida. “O sindicato espera que com a venda, a nova empresa traga melhores condições de trabalho e de salários”, afirma via assessoria de imprensa. O sindicato diz que não foi oficialmente informado da mudança e que deve solicitar uma reunião com a empresa para ter mais detalhes.

Sobre possíveis demissões nas plantas da Votorantim, o CEO da ArcelorMittal Aços Longos Américas do Sul, Central e Caribe, Jefferson De Paula, afirma que, após a avaliação do Cade, a empresa “irá analisar oportunidades de eficiências em geral, inclusive em termos de produtividade”.

 

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