Esqueça a polêmica: em matéria de biscoito ou bolacha, a Aymoré chega aos 95 anos com motivos para celebrar. Líder de mercado em Minas, a marca pertencente ao grupo Arcor aposta no lançamento de linhas de maior valor agregado e mira novos públicos para garantir crescimento de 5% no próximo ano – ainda que o cenário seja de encolhimento para o setor.

Minas Gerais é o principal mercado para os produtos Aymoré: a cada cinco biscoitos consumidos no Estado, um é da marca. Minas abriga também a principal fábrica da empresa, instalada em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. É de lá que saem diariamente 73 toneladas de amanteigados, doces, neutros, recheados, rosquinhas, tortinhas e wafers, entre outros produtos – que chegam a mais de 40 mil pontos de venda.

“O marco zero de nossas ações, hoje, é retribuir o acolhimento que o público mineiro dá à marca. Queremos devolver o carinho dessa gente, que nos tem como parte da história e da família”, diz Anderson Freire, gerente nacional de marketing da Arcor Brasil.

“Em Belo Horizonte, fizemos uma pesquisa recentemente para entender um pouco como poderíamos transitar por outras categoria de alimentos”, expõe. “Foi algo que até nos surpreendeu: a grande aprovação para muito além dos biscoitos”, orgulha-se Freire.

É, portanto, guiada pela memória afetiva que a marca lançou, em setembro, uma linha de balas e vai apresentar, neste mês, biscoitos de leite maltado e de polvilho: itens que já habitaram o catálogo da Aymoré no passado e que retornam agora, para a celebração dos 95 anos da marca. Para o próximo ano, a linha de produtos deve ganhar novos itens de maior valor agregado e também maior investimento em linhas saudáveis e fitness.

Portfólio vai ganhar mais itens

Aos 95 anos, “a Aymoré quer olhar para a frente e pensar: o que pode trazer para a mesa das famílias brasileiras?”, diz Anderson Freire, gerente nacional de marketing da Arcor Brasil. A resposta, completa, passa por aumentar o portfólio da marca, hoje com 35 itens.

A marca aposta no lançamento de uma linha de produtos de maior valor agregado, como cookies e distintas formas de recheados e de wafers. Além disso, a Aymoré deve ampliar a oferta de itens Grãos da Terra, criada com base na necessidade de consumo de produtos saudáveis.

“Há um público tradicional quando falamos desse setor, mas há também outras oportunidades à nossa frente”, observa Freire. Exemplos são “o consumidor que vai explorar novas possibilidades, novos sabores”, e “aquele que opta por uma alimentação balanceada”.

Fabricante de biscoito com maior participação de mercado em Minas Gerais, a empresa tem “share valor” de 18,7% e “share volume” de 22% no Estado e de 32% em BH, de acordo com dados da consultoria Nielsen. Anualmente, o faturamento gira em torno de R$ 180 milhões.

Aliança é a maior do continente

Após a aliança anunciada pelos grupos Arcor e Danone, em 2004, a fusão das atividades das duas no ramo de biscoitos na Argentina, no Brasil e no Chile criou a maior empresa do setor na América do Sul. Hoje a marca Aymoré pertence ao portfólio da Arcor, mas essa história começou em 1922, no Rio de Janeiro. Lá se instalou a Moinho Inglez, que pretendia habituar o brasileiro a comer derivados do trigo. Dois anos depois, a marca já era vista nas ruas fluminenses.

Na década de 30, a empresa instalou uma fábrica de massas em Belo Horizonte. Surgiu então, em Contagem, uma nova fábrica de produtos alimentícios, no ano de 1951. O empreendimento lançou os biscoitos Cardoso, que durante anos dominaram o mercado mineiro. Em 1975, depois de comprar outras duas empresas, a Cardoso S.A. incorporou a Aymoré às suas operações. A Danone se associou em 1996. Finalmente, em 2004, os grupos Arcor e Danone anunciam a aliança.

Crescimento

Finanças. A marca fatura, por ano, cerca de R$ 180 milhões. A expectativa é de crescimento de 3% em 2020, apesar do cenário de encolhimento para o setor.