Cenário ruim

Baixo crescimento nacional afeta a indústria mineira

Setor automobilístico é o que mais sentiu a crise em MG

Por Marco Antônio Corteleti
Publicado em 12 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Desaquecimento da economia nacional e baixa no preço internacional de commodities, como o minério de ferro, são dois dos principais fatores que têm impactado de forma negativa na indústria mineira, que acumula queda no faturamento de 7,62% nos nove primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Três setores vitais para a economia do Estado puxaram para baixo as perdas da indústria: veículos automotores; extrativa mineral e produtos de metal. Por outro lado, os setores de químicos, farmacêuticos e bebidas registraram as maiores expansões na comparação com os nove primeiros meses de 2013. No total, foram analisados 15 setores. Os dados são da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).

De acordo com a analista de economia da Fiemg, Annelise Fonseca, os principais fatores que estão provocando o desaquecimento da indústria mineira são: o saturamento do mercado interno, no caso dos veículos, os altos estoques asiáticos de aço, a oferta excessiva de minério no mercado internacional e a forte concorrência externa do setor de produtos de metal.

“Mesmo com incentivos como a isenção do IPI, o setor automobilístico vem amargando perdas como há muitos anos não se via”, diz Annelise. Segundo ela, o quarto trimestre também deverá fechar no vermelho, com estimativa de perdas ainda maiores: 9% no acumulado do ano em relação a 2013.

Professor de economia do Ibmec/MG, Eduardo Coutinho disse que já esperava resultados negativos. “Estamos vivendo um ambiente macroeconômico ruim, com crescimento baixo e que atingiu até o setor de bens duráveis (automóveis), que goza de crédito e incentivos tributários para vender”, afirma. Para ele, as famílias estão endividadas, o que reduz o consumo, e a indústria não faz planos de investimentos porque o governo federal ainda não deu nenhuma sinalização de como será conduzida a política econômica em 2015.

Ainda assim, massa salarial aumentou

Apesar da queda no faturamento, a massa salarial dos trabalhadores da indústria mineira aumentou em todas as bases de comparação. Nos nove primeiros meses de 2014, o ganho foi de 3,89% em relação a igual período do ano passado. Já com relação ao mês anterior, setembro teve acréscimo de 1,32%.

De acordo com o professor de economia do Ibmec/MG Eduardo Coutinho, essa aparente contradição é explicada pelo fato de o desemprego estar baixo. Segundo o IBGE, a taxa em setembro foi de 4,9% no país.

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