Conforme o esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,5 p.p. nesta quarta-feira (1º), de forma unânime. Dessa forma, a partir de agora a Selic passa a ser de 12,25%.
Este é o terceiro corte em 2023. Após um ano de juros muito altos, no patamar de 13,75%, o Banco Central decidiu em agosto iniciar o processo de redução gradual da Selic. A expectativa do setor financeiro é que, até o fim do ano, ela seja reduzida para 11,75%. Para o final de 2024, a perspectiva é de que a taxa básica de juros seja de 9,25%.
"Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025", argumentou o Copom.
Ao tomar a decisão, os membros do comitê levaram em conta a inflação brasileira, mas também as incertezas internacionais referentes aos juros nos Estados Unidos e as novas tensões políticas - provocadas, especialmente, pela guerra entre Israel e Hamas.
Vale lembrar que a Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. Teoricamente, quando os juros estão altos, menos pessoas tomam crédito e a economia fica mais desaquecida, evitando aumento de preços por crescimento na demanda. Por outro lado, quando os juros estão menores, as pessoas se sentem mais à vontade para tomar crédito no mercado e adquirir bens, movimentando setores de serviços e indústria.
Entidades celebram redução
Por meio de nota, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) comemorou a decisão do Copom. "Os últimos indicadores de inflação corrente apontam para um cenário de maior estabilidade, e a expectativa de mercado para a inflação no final de 2023 registrou a terceira semana seguida de queda, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central. Contudo, a Fiemg entende que o atual corte de juros ainda se mostra insuficiente, dado o contexto econômico atual e a estabilidade da inflação", afirma a entidade, enfatizando a urgência de avanços na redução da taxa básica de juros nas próximas reuniões da autoridade monetária, para incrementar as atividades econômicas do país.
Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), "o terceiro recuo consecutivo da taxa de juros, além de melhorar a confiança e expectativa de consumidores e empresários de forma imediata, poderá favorecer o desempenho das atividades comerciais em 2024, já que os efeitos reais dessa baixa começarão a surgir entre três e seis meses", diz a entidade, por meio de nota.
“Em Belo Horizonte, em especial, vivenciamos um cenário de recuperação de crédito entre empresas e pessoas físicas. Com a redução da Selic, a expectativa é que mais débitos sejam quitados e o mercado se aqueça”, analisa o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG) atentou para os cuidados que o governo federal precisa ter para garantir cumprimento de metas fiscais. "Não podemos fechar os olhos para as incertezas que pairam sobre o compromisso do governo em cumprir as metas fiscais no atual cenário fiscal. Essas incertezas podem facilmente se transformar em fontes de pressões inflacionárias que minariam os benefícios e o desempenho com respeito a redução da Selic. Portanto, é imperativo que as políticas econômicas e as ações governamentais estejam alinhadas para assegurar a estabilidade fiscal e o cumprimento das metas, garantindo que a redução da Selic tenha um impacto positivo e duradouro na economia", diz a entidade, por meio de nota.
Atenção na próxima reunião
Para o economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas - ACMINAS, Paulo Casaca, a notícia é positiva, mas o copom precisa estar atento ao cenário internacional. "A eclosão do conflito no Oriente Médio, somada à guerra na Ucrânia, pode tornar a economia internacional ainda mais instável. Além disso, o Banco Central dos EUA sugere a continuidade de uma política monetária mais restritiva.
De acordo com o economista, esses eventos reduzem o espaço para um ciclo de queda maior da Selic em 2024. "Estes cenários, externo e interno, acabam por ofuscar os bons resultados recentemente divulgados, como a queda da taxa de desemprego para o menor nível desde 2015 e a acomodação da inflação dentro da meta, como vista no IPCA-15 de outubro. Em suma, o aumento da instabilidade política, no Brasil e no Mundo, deve continuar a pautar a trajetória da atividade econômica. Esperamos que o cenário melhore rapidamente", completa.