A circulação menor de dinheiro em espécie na economia brasileira desde o lançamento do Pix, no fim de 2020, levou a TecBan, que administra a rede de caixas Banco24Horas, a ampliar a estratégia de mercado. Além de instalar caixas eletrônicos para saques de valores nas capitais e em outras cidades, a empresa está investindo em regiões mais periféricas, onde o dinheiro físico ainda é mais usado. E a grande aposta da TecBan para esses locais mais afastados dos grandes centros é o ATMO, um aparelho bem menor que está sendo implantado nos comércios das pequenas cidades.
Funciona assim: o ATMO é instalado em supermercados, postos de gasolina, padarias e outros estabelecimentos de cidades mais distantes das capitais. O dinheiro físico que entra nesses locais que têm o ATMO pode ser sacado por quem tem conta em instituições financeiras parceiras do Banco24Horas. O equipamento também pode ser usado para consulta de saldo.
“Um motorista paga R$ 100 em dinheiro para abastecer o carro num posto de gasolina. O dinheiro dele fica lá. Aí eu quero pegar um valor em dinheiro e peço para sacar esses R$ 100. Coloco meu cartão bancário na maquininha e esse valor que o motorista pagou eu posso sacar. Evita do comerciante ter que levar o dinheiro no banco e depositar. E a gente faz a economia circular ali naquela cidade”, explica Rodrigo Rocha Maranini, porta-voz da TecBan.
Atualmente, há 500 equipamentos do ATMO instalados no Brasil. E a meta da TecBan é dobrar esse número em apenas dois anos.
“A gente tem hoje 500 ATMOs no Brasil e 54 em Minas, com uma expansão prevista para o ano que vem no país de mais 250 aparelhos e com possibilidade de mais 250 no outro ano. Ou seja, queremos chegar a mil equipamentos entre 2024 e 2025. A gente acredita muito nesse produto, que não tem um custo alto e paga uma bonificação para o estabelecimento em cada saque que é realizado. Resolve o problema dele, o problema da população e a gente consegue atender a todos sem ter um custo muito alto, pois também há menos gastos com o transporte de valores, já que o dinheiro fica na própria cidade”, afirma o porta-voz da TecBan.
A TecBan tem atualmente 24 mil caixas eletrônicos do Banco24Horas espalhados por 1.100 cidades no Brasil. Esse equipamento é aquele convencional, conhecido como ATM, bem diferente do ATMO. Em Minas, há 1.700 caixas eletrônicos desse tipo em 130 cidades. Enquanto a TecBan pretende dobrar o número de ATMOs no Brasil em dois anos, os planos são diferentes para os caixas eletrônicos comuns.
“O que a gente tem feito hoje é o realocamento dos caixas eletrônicos, reduzindo a quantidade de ATMs nos grandes centros. Por exemplo, antes a gente tinha de cinco a seis equipamentos dentro de um shopping. Agora temos três. E essa diferença a gente instala em outras cidades que a gente identifica que estão precisando”, argumenta Rodrigo Rocha Maranini.
O porta-voz da TecBan reforça que o dinheiro em espécie ainda é muito usado nas cidades pequenas.
“A gente fez uma pesquisa em parceria com o Datafolha e identificamos que mais de 50% das pessoas ainda usam o dinheiro para pagar contas e fazer compras. Ele ainda é muito usado para compras em cidades menores, pois pagar com dinheiro é um poder de barganha. As pessoas conseguem desconto porque o comerciante evita pagar a taxa de 1% ou 2% das maquininhas de cartão. Nos grandes centros sim, o uso do dinheiro físico estabilizou”, diz Rodrigo Rocha Maranini.
O volume de transações financeiras digitais por pessoa praticamente dobrou desde o lançamento do Pix no fim de 2020, acompanhado, no mesmo período, de uma redução mais acelerada dos saques de dinheiro físico no país, segundo o Banco Central.
Em 2020, cada pessoa fazia uma média de 242 operações digitais por ano. Já em 2022, esse número passou para 453 por ano, quase o dobro de 2020. Em 2012, eram 131 operações desse tipo no ano per capita no país.
No ano passado, o Pix já alcançou a maior participação em número de transações em relação aos demais meios de pagamento, de 29%. Por outro lado, a quantidade de saques em caixas eletrônicos e agências bancárias caiu de 3,4 bilhões em 2020 para 2,6 bilhões no ano passado.
Em valores, a queda foi de R$ 2,5 trilhões para R$ 2,1 trilhões. Em 2012, o número era de 3,9 bilhões saques, com movimentação financeira de R$ 4,5 trilhões. Os dados são do estudo do Banco Central (BC) Evolução de Meios Digitais para a Realização de Transações de Pagamento no Brasil.