O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, na quarta-feira (3/5), em sua primeira decisão após a apresentação do novo arcabouço fiscal pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A entidade manteve o tom conservador e, em sua justificativa, chegou a dizer que poderia aumentar a taxa nas próximas reuniões, caso a inflação, que está em desaceleração no país, voltasse a subir. A decisão da última reunião manteve o Brasil no topo dos juros mundiais. Sendo primeiro em taxa real (descontada a inflação) e o segundo país com a maior taxa nominal, atrás apenas da Argentina, de acordo com levantamento da MoneYou em parceria com Infinity Asset Management.  

Em sua justificativa para manter a taxa Selic em 13,75% na última quarta-feira (3/5), o Copom do Banco Central informou que “considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação", disse o BC no comunicado. Na prática, a decisão de manter os juros altos afeta a economia ao encarecer o crédito, por exemplo. Grandes cadeias produtivas, como automóveis e construção civil, para venda de carros e imóveis, dependem do crédito para o consumo dos produtos, girando setores com grande número de fornecedores, geradores de mão de obra e de renda e impostos.  

A justifica dos juros altos é manter recursos na poupança e aplicações, reduzindo a demanda e forçando a oferta a baixar preço, no intuito de segurar a inflação. "O comitê (Copom) reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", informou o BC. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que apura a inflação oficial do país, atingiu 0,71% em março, desacelerando em relação a fevereiro, quando ficou em 0,84%, e atingindo o menor patamar desde janeiro de 2021. Em março de 2022, o IPCA chegou a 1,62%. No ano, o índice acumula elevação de 2,09% e, nos últimos 12 meses, de 4,65%, percentual menor do que os 5,60% registrados no período imediatamente anterior, mas ainda um acima do centro da meta, que é de 3,25%. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é considerada alta pelo governo e boa parte do mercado.  

Com juros a 13,75% ao ano, a taxa brasileira só não é maior do que a da Argentina em termos nominais (sem descontar a inflação). No país vizinho, os juros referenciais são de 91%. O Brasil vem na segundo posição e, logo em seguida, aparece a Colômbia (13,25%). Descontando a inflação, o Brasil lidera o ranking feito pela MoneYou e Infinity Asset Management. Em cenário prospectivo, a taxa de juros atual, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses no Brasil, é de 7,29%. No mesmo cenário, o segundo país do ranking é México, com 6,13%. 

Confira o ranking das taxas de juros ao em cada pais, elaborada pela MoneYou e Infinity Asset Management.

Ranking mundial de juros reais (taxas de juros atuais descontadas a inflação projetada para os próximos 12 meses)

  1. Brasil 7,29% 
  2. México 6,13% 
  3. Colômbia 5,13% 
  4. Chile 4,89% 
  5. Filipinas 2,62%  
  6. Indonésia 2,48%  
  7. África do Sul 2,37% 
  8. Turquia 2,20%  
  9. Israel 1,65%  
  10. Hong Kong 1,55%  
  11. Nova Zelândia 0,55%  
  12. Malásia 0,54%  
  13. Reino Unido 0,25%  
  14. China 0,22%  
  15. Rússia 0,20%  
  16. Estados Unidos 0,08%  
  17. Índia -0,10%  
  18. Coreia do Sul -0,17%  
  19. Espanha -0,26%  
  20. Grécia -0,30%  
  21. Taiwan -0,53%  
  22. Suíça -0,66%  
  23. Dinamarca -0,72%  
  24. Tailândia -0,78%  
  25. Bélgica -0,78%  
  26. Holanda -0,83%  
  27. Cingapura -1,12%  
  28. Canadá -1,17%  
  29. Austrália -1,56%  
  30. França -1,63%  
  31. Portugal -1,63%  
  32. Japão -1,94% 
  33. Alemanha -2,29%  
  34. Áustria -2,46%  
  35. Itália -2,46%  
  36. Hungria -2,94% 
  37. República Checa -3,16%  
  38. Suécia -3,50%  
  39. Polônia -5,37%  
  40. Argentina -13,02%

Taxa de juros nominais (sem descontar a inflação)

  1. Argentina 91,00%  
  2. Brasil 13,75%  
  3. Colômbia 13,25% 
  4. Hungria 13,00% 
  5. Chile 11,25%  
  6. México 11,25%  
  7. Turquia 8,50%  
  8. África do Sul 7,75%  
  9. Rússia 7,50%  
  10. República Checa 7,00%  
  11. Polônia 6,75%  
  12. Índia 6,68%  
  13. Filipinas 6,25%  
  14. Indonésia 5,75%  
  15. Hong Kong 5,25%  
  16. Nova Zelândia 5,25%  
  17. Estados Unidos 5,00%  
  18. Canadá 4,50%  
  19. Cingapura 3,78%  
  20. Israel 4,50%  
  21. China 4,35%  
  22. Reino Unido 4,25%  
  23. Austrália 3,85%  
  24. Alemanha 3,75% 
  25. Áustria 3,75%  
  26. Espanha 3,75%  
  27. Grécia 3,75%  
  28. Holanda 3,75%  
  29. Portugal 3,75%  
  30. Suécia 3,75%  
  31. Bélgica 3,75%  
  32. França 3,75%  
  33. Itália 3,75%  
  34. Coreia do Sul 3,50%  
  35. Malásia 3,00%  
  36. Dinamarca 2,60%  
  37. Tailândia 2,00%  
  38. Taiwan 1,88%  
  39. Japão -0,10%  
  40. Suíça -0,75%