O plantio de uma árvore com as cinzas de uma pessoa que faleceu como forma de homenageá-la é um serviço que começou a ser oferecido em Minas neste ano pelo BioParque, com sede em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Apesar de nova, a proposta não só já tem contratações abertas desde o início de 2020 como registrou procura dez vezes maior durante a pandemia do novo coronavírus.

Segundo o CEO da BiosBrasil - holding que gerencia o parque -, Hugo Tanure, a ideia da empresa é oferecer uma alternativa de ressignificação do luto. “É um cemitério do futuro, que abarca a questão da ressignificação do luto e as preocupações ambientais, além de ser uma oportunidade de preservar memórias e valorizar lembranças”, destaca.

O BioParque não disponibiliza serviços funerários e recebe das famílias as cinzas da pessoa que elas desejam homenagear. De acordo com Tanure, os parentes escolhem uma entre as sete sementes de árvores disponíveis, cada uma com um significado, e, a partir desse momento, é planejada uma cerimônia, na qual se planta a semente em uma urna biodegradável.

As cinzas atuam como uma espécie de adubo, já que o material é rico em minerais importantes para o crescimento da árvore. O empresário explica que o processo de germinação da muda dura, no mínimo, 16 meses. Esse cuidado é realizado no showroom da empresa, que fica no bairro Sion, na região Centro-Sul de BH. Só depois desse tempo é que a muda mais resistente é levada para plantio no parque, em Nova Lima.

“O cemitério do futuro”, segundo Tanure, possui uma área de cerca de 1,5 milhão de metros quadrados, onde poderão ser plantadas até 30 mil árvores. As obras do empreendimento deverão ser finalizadas em 2021, porém muitas mudas já estão sendo adquiridas pelas famílias, de acordo com o empresário. Quem opta pelo serviço pode escolher entre plantar uma árvore, criar um jardim ou até um pequeno bosque, o que, na avaliação de Hugo Tanure, propicia um alto nível de personalização da homenagem.

Adiamento

Embora a procura por esse tipo de homenagem tenha aumentado durante a pandemia, quem adquire o serviço agora está postergando a realização das cerimônias devido à necessidade de isolamento social. Para a realização dessas celebrações, os familiares convidam parentes e amigos mais próximos do homenageado para participarem de uma cerimônia de honra à memória, na qual um vídeo feito pela equipe do BioParque é exibido e a semente é plantada. Após o crescimento da muda, ela é encaminhada para o parque, aonde os familiares se reúnem novamente para a realização de uma nova cerimônia.

O BioParque será o primeiro de seis parques que deverão ser abertos a partir do próximo ano em algumas capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. O investimento da empresa em todos os espaços soma de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões. Os pacotes para quem quiser adquirir uma homenagem póstuma custam a partir de R$ 15 mil.