Centenária, gráfica faz história em Pedro Leopoldo com negócio familiar

“As gráficas vão falir com a chegada do mundo virtual, ninguém usa material impresso mais”. Essa frase já foi ouvida “milhares de vezes” por Myriam Tavares, uma das sócias da Gráfica Tavares, uma empresa familiar, localizada em Pedro Leopoldo, que comemora, junto com a cidade, 100 anos de história em 2024. A empresa, que se adaptou às tecnologias ao longo de um século, registrou no ano passado um crescimento de 10% no negócio e tem perspectiva de crescer mais 12% neste ano, com investimentos na área de tecnologia e novos nichos de clientes.

De acordo com Myriam, a gráfica, que cresceu junto com a cidade e está na terceira geração da família Tavares, passou por diversas mudanças em todos esses anos para se manter no mercado - uma delas foi abrir o leque de serviços oferecidos. Hoje, a empresa, que tem 14 funcionários, atua no segmento B2B (business to business), com soluções principalmente para indústrias, clínicas médicas e consultórios (bloco de receitas, por exemplo).

A gráfica começou com serviços de impressão simples e trabalha atualmente com impressão digital de diversos tipos, plotter para banners e offset, carro-chefe da empresa, que inclui corte e vinco e materiais de capa dura, por exemplo. 

“Os volumes gráficos diminuíram mas, na verdade, migraram para outras peças gráficas. O papel não deixou de existir, ele mudou a finalidade e a forma de se apresentar. Então, (abrir o leque) foi uma das estratégias que nós utilizamos para nos manter no mercado e continuar crescendo”, comenta. “A melhor maneira de enfrentar os desafios é procurar solução e não ficar só no problema. Isso nos ajudou muito”, frisa.

Myriam comenta, por exemplo, que o consumidor hoje busca agilidade e resolver em um só lugar a sua demanda. Então, a empresa oferece o que eles chamam de “Serviço de Inteligência Gráfica” para entregar o que o cliente precisa, sem que ele tenha que buscar diferentes profissionais para determinado serviço (como contratar um designer gráfico em um lugar e a impressão do material em outro). “A gente oferece a finalização das peças. Às vezes, o cliente já tem uma marca, tem um manual e precisa finalizar para atender algumas demandas internas, então a gente faz isso também”, conta.

Durante a pandemia, a empresa chegou a diversificar o leque de serviços mais uma vez. “A gente começou a buscar no mercado,o que era demanda da pandemia. Aí, descobrimos que havia demanda de face shield (EPI para o rosto) e começamos a buscar materiais que atendiam aos requisitos para desenvolvermos um modelo”, relembra Myriam. “O desenvolvimento desse produto nos deu uma sobrevida. A gente conseguiu vender para um atacado grande de Minas Gerais por meio de um parceiro. Isso nos ajudou muito”, diz.

História

A história da Gráfica Tavares começa em Cordisburgo, na região Central de Minas, nas primeiras décadas de 1900, quando João Tavares iniciou o ofício imprimindo materiais para a igreja - trabalho que o levou à vocação de padre e o fez entrar para o seminário. Mas ele não quis encerrar o trabalho que começou e ensinou tudo ao irmão, Joaquim Tavares, que aprendeu tudo sobre tipografia e tomou gosto pela profissão.

Joaquim saiu de Cordisburgo e montou uma gráfica em Sete Lagoas. Tempos depois viu a oportunidade de levar a empresa para Pedro Leopoldo, uma cidade que ainda estava nascendo e tinha um mercado promissor. Por lá, acolhido pela comunidade, ele abriu a gráfica e uma papelaria e aproveitou a data de inauguração da cidade, 27 de janeiro de 1924, para comemorar também o nascimento da empresa.

Joaquim teve quatro filhos e um deles, o José Tavares, assumiu a empresa em 1962. Em 1987, José morre em um acidente de carro, deixando a gráfica nas mãos dos três filhos: Myriam, Henrique e Fred, que formam a terceira geração da família na empresa. Foi a es. Desde então, a gráfica é comandada pelos três e já conta com pessoas da quarta geração trabalhando na firma.