No último fim de semana, o calor foi o tema principal de todas as conversas. Não era difícil ouvir reclamações sobre os desconfortos provocados por uma temperatura que bateu o recorde de 37ºC em Belo Horizonte. Mas nem todo mundo se incomodou com o calorão. Pelo contrário, donos de bares e produtores de cerveja estão rindo à toa com o significativo aumento nas vendas da bebida alcoólica mais consumida pelos brasileiros.

De acordo com Marco Falcone, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas), a estimativa do setor é de um aumento médio de 45% nas vendas de cervejas no último fim de semana, em comparação com os anteriores. 

O bom resultado não aconteceu somente para quem aposta no tradicional chope Pilsen, mas também quem produz outros tipos de cerveja, que já estão caindo no gosto do brasileiro. “Graças às cervejarias artesanais, temos o advento das cervejas Witbier e Sour, que estão também ajudando a combater o calor e entrando na mente do brasileiro. Em Belo Horizonte, já tem notado a tendência a essa aderência, o que é motivo de grande felicidade para o setor”, afirma. 

Karla Rocha, conselheira da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes - Seccional Minas Gerais (Abrasel-MG), confirma que houve um aumento no faturamento entre todo o setor. “O forte calor atípico no início da Primavera tem impactado diversos segmentos da economia brasileira nas vendas. E para o setor de alimentação fora do lar não teria sido diferente. Os bares e restaurantes vêm sentindo reflexos positivos com elevação no movimento de clientes em busca daquela cervejinha gelada e drinks refrescantes”, diz.

No Redentor, bar localizado na Savassi, o aumento na venda de cerveja foi de ao menos 15% no fim de semana. Segundo o proprietário Daniel Ribeiro, o fato de o estabelecimento ter um ar descontraído, inspirado na cultura carioca, ajuda a atrair clientes que preferem sair de casa de bermuda e chinelo. “O calor remete muito a um chope gelado. As pessoas acabam tomando mais chope, porque no calor você acaba tendo que se refrescar mais”, argumenta o empresário. 

A demanda foi tão grande que teve dono de bar tendo de ser criativo ao ver o estoque zerar. “Tivemos que pedir cerveja e água pelo Zé Delivery. O consumo de comida no bar foi normal, mas o de bebidas foi bem maior”, confidenciou o funcionário de um bar no bairro Gutierrez, onde a venda de bebidas cresceu 50% durante o fim de semana.