São Paulo. A Petrobras reportou lucro líquido de R$ 6,201 bilhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo líquido de R$ 1,346 bilhão registrado em igual período de 2012. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, houve retração de 19,4%.
O resultado ficou 24,1% acima das estimativas dos analistas que acompanham a estatal. A média das projeções de cinco casas consultadas (Bank of America Merrill Lynch, HSBC, Itaú Corretora, Morgan Stanley e Votorantim Corretora) apontava lucro de R$ 4,997 bilhões.
A reversão só foi possível graças a uma manobra. Com a alta de mais de 10% do dólar no ano, a empresa anunciou em julho uma mudança contábil que permite registrar de forma diluída, ao longo dos próximos sete anos, parte do prejuízo causado pela variação cambial. A mudança impediu que a Petrobras fechasse o 2º trimestre no vermelho. A manobra é legal e permite que empresas reduzam impactos provocados por variações cambiais em seus resultados, desde que gerem fluxos de caixa futuros em moeda estrangeira no sentido oposto.
No caso da Petrobras, a companhia usará o petróleo que exportará no futuro para anular a perda cambial no presente. Uma espécie de proteção (hedge) contra a variação cambial.
Devido a essa estratégia, o resultado financeiro da Petrobras ficou negativo em R$ 3,551 bilhões. Entre abril e junho de 2012, quando a valorização do dólar ante o real apresentou ritmo semelhante ao visto no segundo trimestre deste ano, o resultado financeiro líquido da Petrobras ficou negativo em R$ 6,407 bilhões.
A base de comparação debilitada do segundo trimestre do ano passado, quando a Petrobras registrou o primeiro prejuízo trimestral desde 1999 e o pior Ebitda desde o final de 2008, também explica o salto de 70,7% no Ebitda da estatal no segundo trimestre. O indicador que dimensiona o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações totalizou R$ 18,091 bilhões entre abril e junho deste ano. O número é classificado como ajustado.
No segundo trimestre do ano passado, o Ebitda da estatal foi pressionado por uma combinação de fatores adversos, incluindo a incidência de uma despesa de mais de R$ 2 bilhões ocasionada por baixas de poços secos ou subcomerciais.
Já a receita líquida do segundo trimestre cresceu 8,2% na mesma base comparativa e totalizou R$ 73,627 bilhões. O resultado foi impulsionado pelos reajustes de combustíveis adotados pela estatal desde o ano passado. Ao longo desse período, os aumentos de gasolina e diesel acumularam 14,9% e 21,9%, respectivamente.