O comércio de Belo Horizonte volta hoje a fechar as lojas de produtos não essenciais, após decisão da prefeitura de retornar à fase zero do plano de reabertura. Vários setores foram autorizados a funcionar nos últimos 30 dias, mas muitos outros já estão há mais de cem dias de portas fechadas.
No começo de junho, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, estimou que ao menos 25% dos estabelecimentos não conseguiriam retomar as atividades após a pandemia, ameaçando 150 mil empregos. Agora, a preocupação é de que esses números sejam ainda piores.
“Já tínhamos previsão de que um a cada quatro bares e restaurantes não voltariam a funcionar. Agora, deve ser uma a cada três”, diz o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci.
Os bares e restaurantes estão no grupo dos que estão há cem dias sem poder abrir as portas. “O setor já demitiu cerca de 40 mil pessoas e, se continuar fechado, em julho pode chegar a 60 mil desempregados na região metropolitana”.
O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindihorb-BH), Paulo César Pedrosa, afirma que o setor de turismo e gastronomia é um dos mais prejudicados. “Em abril, falei que 500 bares e restaurantes não voltariam. Hoje, mais de mil não voltam. Nos hotéis, pelo menos dez já anunciaram fechamento”, afirma.
Preocupação
O economista-chefe da Federação do Comércio e Serviços de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Guilherme Almeida, afirma que o setor recebeu a notícia da volta à estava zero com preocupação e defende a criação de um protocolo para retomada das atividades com segurança.
“Muitas empresas, principalmente as pequenas, operam com um fluxo de caixa muito apertado e não têm perspectiva de continuar suas atividades no longo prazo caso esse cenário perdure”, avalia.
O presidente do Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, diz entender a decisão da prefeitura, diante do aumento de casos do novo coronavírus, mas avalia que é preciso construir um plano para salvar as empresas.
“As lojas estão com 30% a 40% das vendas. Vamos voltar, nesta segunda-feira, a negociar com a prefeitura um plano de reabertura, nem que seja de trás para frente, começando com aqueles setores que ainda não puderam abrir, para que eles possam ganhar uma sobrevida”, declara.