Uma ação coletiva ajuizada pela Defensoria Publica de Minas Gerais pretende garantir a devolução dos valores pagos por inúmeros clientes da empresa 123milhas, que anunciou recentemente o cancelamento de viagens de setembro a dezembro deste ano, de produtos adquiridos no "Pacote Promo."
Um caminhão da Defensoria atende clientes nesta sexta-feira (25/08), na porta da sede da empresa, na rua Paraíba, no bairro Funcionários, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O atendimento, que ocorre de 9h a meio-dia, é voltado a clientes hipossuficientes, como explica o coordenador de tutela coletiva do órgão, Paulo César Azevedo.
"Hoje, vamos atender pessoas com renda individual de até três salários mínimos ou até quatro salários por família, mas vamos atender a todos os prejudicados pela empresa", detalha.
Segundo o defensor, o objetivo da ação é fazer com que a empresa garanta a devolução dos valores pagos pelos clientes ou o cumprimento dos serviços prestados. "Atualmente, a empresa está oferecendo um voucher como estorno, mas isso fere o Código de Defesa do Consumidor. A empresa tem que oferecer ao cliente as opções como ele quer ser ressarcido", acrescenta.
A 123milhas declarou junto à Receita Federal um patrimônio de R$ 1 milhão. Contudo, faz parte da ação incluir o patrimônio dos sócios no cálculo do ressarcimento dos clientes.
Com o sonho de fazer sua primeira viagem internacional, a técnica civil Marla Souza, de 27 anos, ainda tem esperanças de conseguir embarcar para Lisboa, em Portugal. "Comprei as passagens para ida em 4 de setembro e retorno de 19. Na época, paguei R$ 5.000. Hoje, está custando cerca de R$ 13 mil, inviável para mim. Agora, quero ver como vai ser, se terei que cancelar tudo e ficar sem meu sonho", lamenta.
Para a arquiteta e administradora Fernanda Magalhães, a sensação de engano é pior do que o dano financeiro. "Eu comprei oito pacotes para viajar para três diferentes destinos com a minha família, e agora não vou mais. O dinheiro, a gente consegue depois, mas a sensação de estar em família, proporcionar algo a eles, isso nao tem volta", pontua.
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, solicitou esclarecimentos da empresa e diz ter recebido retorno dentro do prazo, porém os detalhes correm em sigilo.