Balanço

Dólar cai novamente e fecha pela primeira vez abaixo de R$ 5 desde o dia 13

Segundo os analistas, as recentes declarações de Jair Bolsonaro contra a quarentena mostram uma subestimação da crise e criam risco político

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de março de 2020 | 18:21
 
 
 
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O dólar fechou em queda pelo terceiro dia seguido, e pela primeira vez abaixo de R$ 5,00 desde o último dia 13, novamente influenciado pelo exterior. A moeda americana teve novo dia de queda no mercado financeiro internacional com a aprovação no Senado em Washington do pacote emergencial de US$ 2 trilhões para contornar a crise gerada pela pandemia do coronavírus, o que estimulou os investidores a continuarem buscando ativos de risco. Além dos EUA, o G20, grupo dos países mais ricos do mundo, anunciou nesta quinta-feira (26) que pode desembolsar até US$ 5 trilhões. No mercado à vista, o dólar terminou o dia em R$ 4,9970, em queda de 0,71%. O dólar futuro para abriu caiu 0,30% e fechou em R$ 5,0220.

O índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante divisas fortes, caiu abaixo de 100 pontos pela primeira vez desde o último dia 20. Nos emergentes, as moedas ganharam força ante o dólar, como pode ser visto pelo desempenho do WisdomTree Emerging Currency Strategy, fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) com divisas de emergentes negociado em Nova York, que subiu 1,36%.

Na avaliação do estrategista de moedas do banco canadense Scotiabank, Shaun Osborne, o ambiente de busca por ativos de risco nesta quinta-feira e nos últimos dois dias favoreceu as moedas mais arriscadas. "Seria ótimo pensar que o pior já passou, mas realmente ainda é muito cedo para dizer isso", ressalta ele. Moedas de emergentes podem até ganhar um pouco mais de fôlego no curto prazo, mas Osborne avalia que o espaço para ganhos mais amplos é menos certo e deve ser limitado a partir de agora.

Para o analista de mercado da Oanda em Nova York, Edward Moya, o dólar se manteve em queda no mercado financeiro internacional, com a aprovação no Senado do pacote de estímulo de US$ 2 trilhões estimulando a busca por risco, ressalta ele em comentário à imprensa. O principal evento econômico da semana, a divulgação dos pedidos de auxílio-desemprego dos EUA, confirmou o que todos estavam temendo, que a crise do desemprego deve ser feia e pode competir com a de 2008/2009. Para Moya, não seria espanto se os pedidos atingirem 16 milhões nas próximas semanas.

Em conferência pela internet nesta quinta-feira, o chefe de risco para as Américas da Fitch Solutions, Jeffrey Lamoureux, e o analista de risco, Andrew Trahan, destacaram que as reformas no Brasil "estão fora da mesa no futuro previsível" e que a economia brasileira deve encolher 1,9% este ano. Sobre as recentes declarações de Jair Bolsonaro contra a quarentena, a avaliação dos analistas é que elas mostram uma subestimação da crise, assim como no México, e criam risco político.

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