Minientrevista

Dorothea Werneck economista, 60 anos ex-ministra da indústria e comércio

Não podemos ser avestruz e enfiar a cara no buraco


Publicado em 07 de outubro de 2008 | 21:32
 
 
 
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Aposentada, ela mudou-se com o marido uruguaio para Montevidéu e sempre visita o Brasil. Entre um cigarro e outro, Dorothea Werneck espera o desemprego, mas acredita no fim da crise, senão será o fim do mundo.

O presidente Lula está dando o devido valor à crise?

Como é o Lula presidente em período de crise? Tomara que seja bom. Eu quero estar preparada para 15 anos de crise, se a coisa piorar. Mas considero um crime ter deixado o dólar cair a R$ 1,60 porque tirou a competitividade da indústria brasileira.


Quando a gente vai conhecer o fundo do poço?

Não sei. O grande debate é saber qual o formato desta crise. É um V, vai lá no fundo do poço e volta, vai ser um W, quando acha que está melhorando cai de novo, ou vai ser um U, entra na crise e fica um pouco depois retorna e tem um formato mais drástico, cai e fica nela no fundo por um bom tempo?

Resta algum conselho para o cidadão comum?

Quem tem renda garantida, emprego no serviço público e sabe que não vai ser demitido pode entrar num financiamento de 70 prestações, não esquenta. Mas se você trabalha em qualquer outro setor, fique calmo. Não tem dinheiro para o crédito direto ao consumidor. Está complicado. Comprar apartamento na planta para vender depois, também não é bom, Não faça isto porque pode não ter quem compre.

E quem tem dinheiro na bolsa de valores?

É melhor tomar um chope porque já perdeu 30% este ano. Mas a bolsa pode subir porque os economistas dizem que as ações das empresas brasileiras estão valendo na bolsa menos do que deveria. Quem não precisa do dinheiro nos próximos cinco anos, então pode deixar na bolsa e quem pode comprar, é um grande negócio.

E se quiser tirar o dinheiro do mercado de ações?

Não sei. Se for tirar vai fazer o quê com ele? Vai botar no banco? Você confia que ele não vai quebrar? Vai depender demais da pessoa se ela quer arriscar ou se ela não quer arriscar. Tem gente que está tirando dinheiro da bolsa e está comprando terreno, está botando num imóvel, num bem real, ou então pode colocar no título de governo que é garantido. Se for menos dinheiro pode colocar na poupança que é coisa garantida também. (HL)

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