Doença

Emater vai orientar produtores rurais de Minas sobre influenza aviária

Brasil ainda não tem casos da doença, mas autoridades alertam para risco de chegada do vírus


Publicado em 09 de janeiro de 2023 | 16:20
 
 
 
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O avanço da influenza aviária (vírus H5N1) na América do Sul preocupa autoridades no Brasil e também representantes do agronegócio. Em Minas Gerais, um grupo de trabalho atua para prevenir a chegada da doença nas propriedades rurais e granjas. No Estado, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) vai atuar juntamente aos produtores rurais na orientação sobre sintomas da enfermidade. 

Os trabalhos ocorrem sob a coordenação do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção de carne de frango tinha a expectativa de encerramento de 2022 com 14,5 milhões de toneladas produzidas, ficando atrás apenas da China. Deste total, cerca de 4,8 milhões de toneladas foram destinadas às exportações, frisou a ABPA. 

A coordenadora de Pequenos Animais da Emater-MG, Márcia Portugal, disse que o trabalho busca alertar os produtores, sem gerar uma sensação de alarde. Ela cita que apesar de ainda não se ter registros no Brasil, a doença deverá chegar ao território nacional. “Nós vamos ajudar os produtores a diagnosticar a doença no mais próximo possível dos sintomas e fazer a notificação ao IMA, que poderá atuar com rapidez. A doença não existe no Brasil, mas que vai entrar, é quase certo que sim”, destacou. 

Márcia disse que a chegada do vírus no país pode ocorrer com o deslocamento de aves, principalmente marítimas, que estão se deslocando da América do Norte para a América do Sul e podem hospedar a enfermidade e transmitir a galinhas, patos, perus, dentre outros animais de pequeno porte. Órgãos ambientais e estaduais também estão sob alerta para a possível presença de animais contaminados em áreas de reserva e proteção ambiental. 

“É uma doença que a mortalidade é muito rápida, coisa de 72 horas. De um dia para o outro, a postura de ovos cai consideravelmente e quando estão com um acometimento maior, as cristas, barbelas e os pés da galinha têm um edema, um inchaço, já tomadas por uma hemorragia”, citou Márcia. Em Minas, duas áreas de preocupação são Lagoa Santa, na Grande BH e a região do Rio Doce. 

A reportagem procurou a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que ainda não se posicionou. Já o coordenador-geral de Planejamento e Avaliação Zoossanitária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ronaldo Teixeira, alertou que o atual momento é o pior da doença, desde os primeiros registros. 

"A infçuência aviária nunca foi registrada no Brasil e isso garante ao país uma situação muito importante e vantajosa no mercado internacional de produtos agrícolas", lembrou Teixeira. "Importante que a gente se proteja contra essa grave doença. É uma proteção que precisa da participação de toda a sociedade. Estamos em estado de alerta", acrescentou. 

Influenza aviária no mundo

A América do Sul registrou aumento dos casos de influenza aviária de alta patogenicidade. Até o momento foram notificados focos da doença em países vizinhos como Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Chile. Em alguns limitando-se a aves silvestres e outros atingindo aves de subsistência ou de produção.

Essa é a maior epidemia de IAAP ocorrida no mundo e a maioria dos casos está relacionada ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais, segundo a Emater.

O período de maior migração de aves do Hemisfério Norte para a América do Sul vai até abril. Por isso, neste momento, o trabalho que vem sendo realizado é o aumento das ações de vigilância pelo serviço veterinário oficial e órgãos ambientais e o reforço das medidas de biosseguridade pelos produtores, com o objetivo de mitigar os riscos de ingresso e disseminação da IAAP no país.

A intensificação das ações de vigilância inclui, por exemplo, a testagem de amostras coletadas de aves de subsistência criadas em locais próximos a sítios de aves migratórias para monitorar a circulação viral, permitir a demonstração de ausência de infecção e apoiar a certificação do Brasil como país livre da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade.

De acordo com gerente do Departamento Técnico da Emater-MG, Milton Nunes, o fato do Brasil ser o maior país exportador de carne de frango do mundo, justifica a intensificação da vigilância nas granjas.

“Nós somos um exemplo na avicultura. Então a Emater está atenta e sem causar pânico que nesse momento é prejudicial. Nossos colegas da extensão rural estão prontos para ajudar o produtor a fazer a notificação ao Instituto Mineiro de Agropecuária”, assegura.

Como proceder

Todas as suspeitas de influenza aviária devem ser notificadas imediatamente, presencialmente ou por telefone, aos Serviços Veterinários Estaduais ou nas Superintendências Federais de Agricultura.

A influenza aviária de alta patogenicidade é caracterizada principalmente pela alta mortalidade de aves que pode ser acompanhada por sinais clínicos, tais como andar cambaleante; torcicolo; dificuldade respiratória e diarréia.

Produtores de aves devem reforçar as medidas de biosseguridade das granjas, especialmente aquelas para evitar o contato de aves silvestres e de pessoas alheias ao sistema produtivo com as aves de produção.

Em relação às infecções humanas, o IMA ressalta que podem ser adquiridas principalmente por meio do contato com aves infectadas (vivas ou mortas) ou ambientes contaminados (secreções respiratórias, sangue, fezes e outros fluidos liberados no abate das aves). Já o risco de transmissão às pessoas por meio de alimentos devidamente preparados e bem cozidos é muito baixo.

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