Oportunidade de vendas

Empreendedores de BH apostam na produção de itens personalizados para o Carnaval

Pequenos produtores esperam época para multiplicar as vendas de roupas, acessórios e glitters

Por Raíssa Pedrosa
Publicado em 18 de janeiro de 2024 | 15:18
 
 
 
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A época do Carnaval é, para muita gente, uma oportunidade de fazer dinheiro, seja movimentando o próprio negócio ou aproveitando para garantir um “extra”. O crescimento do Carnaval de BH deu a muitas pessoas a chance de empreender. Muitos começaram um negócio exatamente por causa da festividade. E, neste ano, apostando em produtos personalizados, a expectativa de produtores de roupas, acessórios, glitter e afins chega a ser de quintuplicar as vendas.

Esse é o caso da analista de negócios Tainá de Caires, 31, criadora da loja Dramaticat. Ela trabalha com a produção de acessórios personalizados - paralelamente ao trabalho CLT - e concentra toda a energia possível no Carnaval, época em que vende cinco vezes mais que todo restante do ano. “Eu passo noites acordada. É um momento que eu realmente estou investindo tempo, dinheiro, minhas ideias, é quando eu mais invisto. Eu não posso nem esperar que tenha um lucro parecido durante o resto do ano”, diz.

Itens de Carnaval da Dramaticat expostos na loja colaborativa Endossa, na Savassi

Na lojinha da Tainá tem de tudo um pouco: arcos, brincos, óculos, conjuntos de hot pant e top, ombreiras, tops de acrílico etc. “Eu faço um pouco de tudo porque é o que eu gostaria de usar e é o que eu quero oferecer para as pessoas. A maioria das coisas que eu faço não consigo repetir, são poucas as coisas que têm uma escala de produção grande. Eu prefiro comprar materiais diferentes e poder oferecer, sei lá, 50 modelos diferentes de arcos do que fazer 50 arcos com só cinco modelos”, diz. Os produtos da Tainá são vendidos em feiras de Carnaval, por meio do site e do Instagram da loja e também em lojas colaborativas, como a Endossa, na Savassi. 

Já a designer popular e professora de artesanato Adrielle Oliveira, 32, a Drika, que também concilia outros trabalhos com a produção de Carnaval, aposta no glitter biodegradável para a festa. Em 2018, ela criou a marca É pra Brilhar, que hoje produz maquiagem vegana, e aprendeu sozinha, com tutoriais na internet, a fazer o glitter em casa, com materiais que não poluem o meio ambiente - uma proposta que foi abraçada por ativistas do meio ambiente e veganos, já que o glitter vendido no mercado é feito de plástico.

Glitter biodegradável é produzido em casa pela Drika

Drika conta que o produto é feito com agar agar, fécula de mandioca e pigmento mineral - uma receita criada por ela mesma, após aprender com outros materiais. “Eu peguei um pouquinho dos conhecimentos que eu tinha de quando trabalhei em confeitaria, fui fazendo algumas misturas para ver o resultado e cheguei numa receita minha mesmo”, diz.

Ela conta que o produto foi super bem aceito no Carnaval e hoje tem um público variado, com foliões de vários gêneros e idades e até empresas que apostaram no glitter como brinde para os funcionários. A É pra Brilhar vende os produtos online, com entrega pelos Correios, em lojas colaborativas e feiras. 

Produção a todo vapor

Na Afetto Atelier, que produz roupas sob medida, todos os esforços estão concentrados no Carnaval. De acordo com a responsável, Renata Reis, neste ano as encomendas começaram antes mesmo que ela fizesse qualquer divulgação específica sobre Carnaval. “Eu vendo muitas vezes sem precisar divulgar porque o folião que veio no ano passado volta neste ano. E aí tem gente que sempre traz mais alguém. Eu cresci muito no boca a boca”, conta.

A figurinista conta que muitos clientes a procuram para peças exclusivas. Geralmente são pessoas que precisam de figurinos para tocar ou cantar em blocos. Além deles, ela produz peças para todo tipo de folião, incluindo hot pants, saias de tule e de paetê e kimono de paetê, que fazem sucesso na folia. 

Apesar da personalização das peças, Renata aposta em preços atrativos. Por lá, a peça mais cara custa em torno de R$ 190 com paetê (preço que pode variar de acordo com o nível de personalização). Os bodies custam entre R$ 90 e R$ 100, e o kimono de paetê R$ 150 - peça mais difícil de fazer, segundo a figurinista, pois quebra muitas agulhas durante a produção. “Enquanto algumas marcas vendem uma única peça por R$ 600, eu tenho um cliente que fechou todos os looks, para três blocos, por R$ 800”, conta. “Eu acabo trazendo uma clientela que é aquela que quer vestir, quer ficar legal, quer ficar bonita, mas que não quer empobrecer”, brinca.

Renata conta ainda que sua relação com o carnaval de BH começou há muitos anos, e, em 2017, o sucesso de vendas foi o body de super-herói. “Eu lembro que na época eu vendi 300 bodies. Eu não esqueço nunca isso porque eu fui a primeira pessoa a vender body de super-herói aqui em Belo Horizonte”, diz.

A produção do ateliê desde então foi pensada em itens de carnaval, festivais e afins. Durante a pandemia da Covid-19, Renata precisou pensar em alternativas e começou a produzir pijamas, que deram muito certo, segundo ela, e viraram o foco da empresa. Agora, na época do Carnaval, a produção de pijamas é suspensa para que a equipe dê conta da demanda sazonal. “Quando o carnaval termina, eu dou um tempo, a gente dá uma respirada, organiza a casa, e aí voltamos para os pijamas”, conta.

Na Maria Piranha, os esforços também estão concentrados no Carnaval, que deve trazer, em um mês, o equivalente ao mesmo volume de vendas em três meses da marca. A marca autoral de bolsas e pochetes conta com itens pensados exatamente no folião que precisa de praticidade para andar pelas ruas.

“No carnaval, a gente consegue ter maior exposição. E são pessoas que vão conhecer a marca durante o Carnaval e vão continuar com a gente o resto do ano”, conta Carol Pires, 35, sócia na empresa. “Ele é melhor que o Natal. A cada Carnaval a marca vai tomando uma proporção maior”, afirma.

A Maria Piranha produz bolsa coloridas que combinam com a folia

Carol Pires conta que a Maria Piranha surgiu em janeiro de 2019, após fazer um curso de costura com sua atual sócia, Marina Rocha, e desde então a proposta é fazer bolsas diferentes e coloridas.

O nome surgiu de uma brincadeira com uma amiga chamada Maria, que fez uma piranha em uma impressora 3D. Depois, o nome da marca ganhou um significado maior com o Carnaval de BH, que surgiu de um movimento político e militante, falando também de feminismo e ressignificação do termo “piranha”, quando referido a mulheres. 

Os produtos da marca também são encontrados no site da empresa, no Instagram, em lojas colaborativas e feiras.

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