O pacote de R$ 200 bilhões para a saúde e o emprego anunciado pelo governo federal nessa quarta-feira (1º) foi recebido com entusiasmo por entidades da indústria e do comércio de Minas Gerais e de Belo Horizonte. Ainda que ponderem que as ações não devem se esgotar, as medidas foram amplamente comemoradas.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por exemplo, usa o superlativo ao falar do conjunto de medidas provisórias: "Importantíssimas e necessárias, permitindo a sobrevivência de algumas empresas e, antes de tudo, garantindo a preservação de empregos". É o que aponta Flávio Roscoe, presidente da entidade. As empresas, segundo ele, estavam segurando as demissões, "esperando por esse pacote".

Roscoe sinaliza que os esforços anunciados serão vitais para a saída de uma provável e iminente crise financeira em decorrência da pandemia. "Se a gente tivesse milhões de demissões, seria mais custoso sair da iminente recessão", considera.

No mesmo sentido, Guilherme Almeida, economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), acredita que "as medidas são fundamentais por auxiliar o setor produtivo, que gera emprego e renda, e por minimizar os impactos negativos observados na economia".

Ele pondera que o país "já vinha demonstrando fragilidade, vindo de um processo de recuperação, porém muito abaixo de seu potencial", e, com o surto do novo coronavírus e as projeções de recessão global, "a onda de pessimismo cresceu". Assim, "o Brasil, como país emergente, cercado de incertezas, acaba sofrendo um impacto maior", avalia.

Pequenas e médias empresas precisam de atenção especial

Almeida sustenta que "as ações não podem se esgotar aí: existem muitas frentes que o governo federal pode atuar ainda".

"Após o decreto de calamidade pública, o governo tem espaço para estender recursos para áreas importantes, e, na nossa avaliação, na área da atividade econômica, dos setores produtivos, 90% dos estabelecimentos, que são micro e pequenas empresas, merecem atenção especial, dado que operam em um campo de imprevisibilidade, não sabem quando poderão retomar as atividades e não conseguem traçar um planejamento, além de já operarem com uma fragilidade financeira", defende.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, reforça que as ações anunciadas são "de extrema importância para que as empresas possam passar esse período turbulento e sair lá na frente com o mínimo de perda possível". "Nós estamos falando sempre que o principal é cuidar de vidas e cuidar de pessoas. Mas não podemos esquecer também de cuidar das empresas e dos empregos", pontua.

Para ele, "todos que fazem parte da vida da empresa têm que contribuir, então o governo está vindo com essa contribuição". "Nós estamos pedindo também algumas flexibilizações na legislação trabalhista, possibilitando que possa ter redução da carga horária do funcionário e, em consequência, redução do recebimento, do salário também – essa é uma contribuição do empregado", aponta. "Tem também os fornecedores, os donos de imóveis, a questão do aluguel...", enumera.